Governo tenta prorrogar cobrança da CPMF até 2011
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta segunda-feira (23) que qualquer redução de alíquota da CPMF vai depender da compensação com "outra fonte de financiamento". Na semana passada, Mantega tinha dito que poderia haver redução no pagamento da contribuição sobre empréstimos bancários, de forma escalonada, até 2010.
Agora, o ministro diz: "A arrecadação da CPMF será de R$ 35 bilhões em 2007. (A contribuição) é imprescindível para a viabilização dos projetos e dos gastos do governo. Você só poderá reduzir isso se tiver uma outra fonte de financiamento", afirmou.
Guido Mantega também disse que a CPMF é ''imprescindível'' para a manutenção de programas sociais, como o Bolsa Família, e de investimento, como o PAC. "(Sem o imposto) vamos ter que desativar projetos sociais do governo, porque hoje a CPMF paga uma parte da Bolsa Família e dos gastos com saúde. A única maneira de reduzir é desativar uma parte destes programas e o governo não está pensando nisso", ressaltou o ministro.
Segundo o Valor Online, Mantega disse: "Estaremos abertos a uma discussão com o Congresso em relação a alguma redução da CPMF, principalmente nas operações de financiamento". Mas, para que isso ocorra, segundo o ministro, será necessário ter outra fonte de financiamento para cobrir as perdas com a contribuição.
Além da CPMF, a proposta de emenda constitucional também inclui a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2011. Com a DRU, o governo movimenta 20% de toda coleta de impostos sem nenhuma restrição orçamentária.
Ouvindo a oposição
Apesar de o governo não ter interesse em reduzir a alíquota da CPMF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu um canal de diálogo com a oposição para garantir a aprovação da proposta. Na semana passada, ele recebeu o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), mas ouviu que a oposição quer a redução gradativa da alíquota do “imposto do cheque” de 0,38% para 0,08%, em 2010. O presidente escalou o ministro Mantega para comandar as negociações.
Na mensagem encaminhada ao Congresso, o governo deixou aberta a possibilidade de atender a exigência da oposição. "Ao propor a prorrogação da CPMF não estamos nos furtando de avaliar propostas de redução progressiva da incidência deste tributo. Entendemos, no entanto, que é melhor discutir este tema quando da tramitação da presente proposta de emenda constitucional no Congresso", consta da mensagem explicando a PEC encaminhada ao Congresso.
Para aprovar uma PEC, o governo precisa do apoio, em dois turnos, de dois terços de deputados e senadores. Como a maioria governista no Senado é mais frágil, haverá atenção especial do Palácio do Planalto, através de negociações diretas com lideranças oposicionistas.
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