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Nacional
Domingo - 22 de Abril de 2007 às 03:31

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A disputa pela Prefeitura de São Paulo no ano que vem ajudará a moldar os planos eleitorais para 2010 dos quatro principais partidos do país: PT, PSDB, PMDB e DEM (ex-PFL).

É um chavão da política, algo com ares de lei eleitoral, dizer que os pleitos municipais servem de prévia da disputa presidencial que ocorre dois anos depois. Nem sempre. Em 2004, o PT perdeu a capital paulista. Em 2006, Lula se reelegeu após a tremenda crise do escândalo do mensalão.

No entanto, as articulações em curso pelo Poder Executivo paulistano revelam muito sobre o futuro dessas quatro legendas.

No PT, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, seria a candidatura natural. Ela já foi prefeita da cidade (2001-2004).

Marta, porém, colocou-se fora do páreo. Argumentou que o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que integrasse o primeiro escalão exigia um compromisso com um horizonte de quatro anos.

A ministra declarou que seu objetivo é disputar o governo de São Paulo em 2010. Com isso, gera menor possibilidade de atritos políticos do que se tivesse assumido o desejo de concorrer ao Palácio do Planalto.

Foi um posicionamento hábil. Se o PT e Lula quiserem que ela disputa a prefeitura, terão de pedir. E ela estará liberada. Se tiver êxito no Turismo e costurar apoios políticos no PT e com aliados, poderá ser candidata ao governo paulista ou à Presidência --esta última postulação é algo que depende menos de vontade pessoal e mais das circunstâncias.

Lembrete: há outros presidenciáveis no PT, como o governador da Bahia, Jaques Wagner, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias.

Se Marta não concorrer em 2008, o PT lançará um candidato com menos chance. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), está de olho na vaga. Galgou posições no petismo com a eleição para comandar a Câmara, aproveitando-se da queda em série de caciques do partido em São Paulo. Começou bem sua gestão, mas está se perdendo. Quer proibir um deputado de usar chapéu de couro e resolveu afastar os jornalistas de perto do plenário da Casa.

Uma novidade que pode surgir é o lançamento da candidatura de Fernando Haddad, ministro da Educação. Nesta semana, será lançado o PAC da Educação, uma das apostas do presidente no segundo mandato. Técnico competente, Haddad está em alta no governo. Lula gosta dele. Já teve gente que ouviu o presidente dizer que ele poderia ser candidato a prefeito pelo PT.

No PSDB, a disputa pela Prefeitura de São Paulo também terá alta relevância. O governador do Estado, o tucano José Serra, deseja que seu partido apóie a tentativa de reeleição de Gilberto Kassab (DEM).

Serra sabe que Kassab tem pouca chance. Desgastou-se em episódios recentes, mas ganhou pontos ao tirar outdoors e cartazes da capital. Uma eventual vitória do DEM seria uma conquista histórica da sigla, que se vitaminaria para 2010.

Mais: Kassab é um dos ferrenhos articuladores do apoio do DEM a Serra em 2010. Daí o empenho do governador nos bastidores para ajudá-lo. Espera retribuição futura, o que é legítimo e natural na política.

O ex-governador tucano Geraldo Alckmin, que perdeu a eleição presidencial para Lula, ameaça os planos de Serra. Deve se candidatar à prefeitura com o objetivo de se manter vivo no jogo político. O êxito dessa empreitada tende a favorecer o projeto presidencial do governador de Minas, o também tucano Aécio Neves.

Atualmente, Serra está mais bem posicionado nas pesquisas do que Aécio. O governador paulista terá o relevante argumento de que o lançamento de Alckmin em 2002, que tinha menos cacife nas pesquisas do que ele, Serra, é um fator favorável à sua pretensão de concorrer ao Palácio do Planalto. Seria um erro, pensam os serristas, o PSDB repetir tal estratégia.

Já Aécio joga com uma maior capacidade de aglutinação política. Tem ótimas relações com o PMDB e com setores do DEM. O próprio Lula já sinalizou a auxiliares que não acharia ruim uma vitória de Aécio em 2010. Até lá, o mineiro terá tempo para se projetar mais nacionalmente e aumentar sua intenção de voto nas pesquisas.

Para o PMDB, a disputa paulistana será uma espécie de novo teste da aliança preferencial entre o partido e o PT. As duas legendas estão se matando nos bastidores pela partilha de cargos no segundo escalão de Lula.

Em 2004, não foi possível uma união oficial entre petistas e peemedebistas em São Paulo. O sonho do PMDB é ser para Lula e o PT o que o PFL (hoje DEM) foi para o tucano Fernando Henrique Cardoso durante sete de seus oito anos de poder. FHC foi presidente entre 1995 e 2002.

O sonho do PMDB é virar o aliado principal do PT. Aquela força política que receberá a maior fatia de cargos e benesses públicas ao apoiar um projeto presidencial, recebendo ainda apoio em disputas estaduais em que tiver mais chance do que os petistas.

Para enfrentar os tucanos daqui a quatro anos, o PT avalia que precisará do apoio oficial do PMDB. PSB e PC do B, aliados tradicionais do petista, trabalham pelo lançamento do ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (CE) à Presidência.

Para petistas e peemedebistas, as eleições municipais podem ser o noivado do casamento eleitoral de 2010.

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Detalhe importante

Quando decidiu disputar o governo de São Paulo em 2006, Serra levou em conta a difícil situação financeira da prefeitura. A capacidade de investimento do município continua baixa. O próximo prefeito continuará a ter um grande abacaxi para descascar. E dependerá muito do governador, já que o Estado tem muito maior capacidade de investimento.

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Alencar, Mangabeira e 2022

A indicação do filósofo Mangabeira Unger para assumir com status de ministro a nova Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo é uma deferência política ao vice-presidente da República, José Alencar. Mangabeira é do mesmo partido de Alencar, o PRB.

Em conversas reservadas, Lula disse que desejava indicar um ministro na cota de Alencar. Lembrou que o vice tem sido um aliado fiel e que o considera um amigo. Afirmou que Alencar poderia ter exigido indicar um nome para um ministério de peso no segundo governo, mas não o fez.

Lula deseja que Mangabeira coordene a formulação de um plano de longo prazo para marcar o bicentenário da independência do Brasil. Já há no NAE um projeto que se refere ao ano de 2022. A idéia é estabelecer prioridades estratégicas e negociar as linhas do plano com a oposição. Uma idéia inicial é que seja enviado para discussão e aprovação no Congresso.

Mangabeira, que pediu o impeachment de Lula em 2005, será o 36º ministro de petista no segundo mandato.

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Bucci

O jornalista Eugênio Bucci, que deixou a Radibrás, será colaborador do projeto de criação da rede pública nacional de TV, prioridade do segundo mandato de Lula.

Bucci era um dos poucos integrantes do primeiro mandato de Lula que não estimulavam uma relação de confronto com a grande imprensa. Pagou um preço político. Foi bombardeado por petistas que gostariam de ter usado a Radiobrás numa guerra contra a imprensa no escândalo do mensalão.

Mas Bucci se recusou a fazer tal serviço. Modernizou procedimentos jornalísticos na estatal, lançando um manual de redação. Foi convidado a continuar, mas preferiu deixar o cargo, que colocara à disposição de Lula em 31 de outubro do ano passado.





Fonte: Folha Online

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