Estrume de cavalos do Exército é usado para gerar energia
O gerador é movido a gás metano, o mesmo que compõe o gás natural. Ele é liberado do estrume, depois de este ser misturado a água, agitado até adquirir uma consistência pastosa e ser armazenado nos biodigestores para fermentar. Nesse processo, também é liberado um líquido, que serve como fertilizante e pode ser usado nas plantações e nos campos de pólo do regimento.
Numa primeira fase do projeto, a expectativa é que a energia gerada ilumine o regimento durante a noite. “Tendo em vista a economia de luz a gente mantinha o mínimo necessário; com isso eu posso manter todas as luzes acesas, aumentando a segurança do regimento”, afirma o comandante, coronel Souto Martins.
A economia na conta de energia pode chegar a até 20% dos R$ 16 mil que são gastos mensalmente na unidade. Numa segunda etapa do programa, a produção de gás pode abastecer o regimento também durante o dia, gerando uma economia de luz maior. O coronel diz que existe a esperança de o regimento, “no futuro, não precise de energia da CEB (Companhia de Energia de Brasília)”.
O uso do biogás liberado pelo estrume de animais nos biodigestores gera uma energia limpa e renovável. A diretora do Departamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e energia (MME), Laura Porto, ressalta que isso colabora para a redução no lançamento de gases que causam efeito estufa (o metano é um desses gases), além de evitar que o estrume contamine os lençóis freáticos. Ela diz que “um projeto desse está totalmente alinhado com os princípios do desenvolvimento sustentável”. “A gente pensa que é um projeto pequeno, de uso local, mas o efeito dele é global, e é esse o conceito do desenvolvimento sustentável”, acrescenta a diretora.
Esse tipo de trabalho não é totalmente novo. Estados como o Paraná, o Tocantins e o Ceará já utilizam biodigestores para produzir gás a partir de excrementos de suínos, aves e caprinos. No entanto, essa é a primeira vez que a tecnologia é adaptada para o estrume de eqüinos.
O projeto dos biodigestores foi desenvolvido por uma parceria entre o Ministério de Minas e Energia, o Exército e o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (LACTEC), um laboratório ligado à Universidade Federal do Paraná (UFPR). Existe a expectativa, do ministério e do Exército, de que essa experiência possa ser repetida em outros lugares. “Já está tendo um efeito positivo, mas vai ter muito mais quando for replicado em outras unidades do próprio exército ou no Brasil inteiro”, afirma Laura Porto, do ministério.
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