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Internacional
Sábado - 21 de Abril de 2007 às 11:05

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Cinco anos depois da maior zebra eleitoral já vivenciada na França, quando o candidato da extrema-direita Jean-Marie Le Pen pegou o país todo de surpresa e foi parar no segundo turno disputando a Presidência da República com Jacques Chirac, o fantasma do homem que defende idéias como a expulsão de todos os imigrantes ilegais paira, como nunca, no ar neste final de semana. Mesmo que traumatizados com o que muitos consideraram a maior vergonha política da história recente da França, os franceses temem que o "risco Le Pen" se repita nesta eleição, no domingo.

Estima-se que cerca de 35% dos eleitores afirmem, quando entrevistados, ter optado por um determinado candidato mas, na hora de depositar o voto na urna, escolham outro. No caso específico de Le Pen, cujas declarações sobre imigração e supremacia dos franceses o fazem ser taxado como xenófobo, esse índice pode chegar a 50%, o que torna o seu desempenho nas sondagens de opinião não muito digno de confiança.

Em 2002, ele não passava de 9% nas pesquisas, mas acabou conseguindo seu lugar na disputa contra Chirac, desbancando o favorito Lionel Jospin, com um total de 17% dos votos. Desta vez, ele manteve uma média de 13%, no entanto na sexta-feira ultrapassou pela primeira vez François Bayrou (UDF) e atingiu a terceira posição, com 16,5%, segundo o instituto CSA.

Vergonha

"O eleitor de Le Pen não assume a sua posição por pura vergonha. Ele não tem coragem de dizer que votará em alguém que assume posturas deliberadamente fascistas como o candidato da Frente Nacional. Então, quando entrevistado, prefere dizer que ainda não se decidiu ou que votará em Nicolas Sarkozy", explica Jérôme Fourquet, diretor-adjunto do

Departamento de Opinião do Instituto Francês de Opinião Pública, Ifop, referindo-se ao candidato conservador da União por um Movimento Popular (UMP), líder nas pesquisas com cerca de 28% das intenções de votos. Fourquet lembra, no entanto, que hoje o voto Le Pen é muito menos tabu hoje que na eleição passada. Este fator, segundo ele, é decisivo para que, embora provavelmente existente, a surpresa não seja peça-chave na definição dos dois candidatos que disputarão o segundo turno, em 6 de maio.

"Avaliamos que hoje o dobro de pessoas assume o voto em Le Pen, em comparação a 2002. Isso significa que não devemos passar muito de 13% a projeção final de votos do candidato extremista no primeiro turno, o que definitivamente não é pouco, mas não é determinante", ponderou.

Eleitor da direita

Nas ruas, é difícil encontrar quem se orgulhe de votar no presidente da Frente Nacional, partido criado por Le Pen nos anos 60. Em Paris, um professor que prefere ser identificado apenas por seu primeiro nome, Pascal, afirma ainda não ter decidido em qual candidato da direita vai votar, mas diz compreender aqueles que optam pelo extremista.

"Entendo quem vota no Le Pen. Sarkozy não está espelhando os ideais do eleitor da direita. Não compreendo quem o acusa de ser contra os imigrantes. Ele fala, fala, mas na prática só promove políticas de inserção dos estrangeiros, ao mesmo tempo em que os franceses continuam sem emprego. A história da discriminação positiva, defendida por ele, é a maior incoerência que alguém que se posiciona como de direita poderia propor", defendeu o professor, referindo-se ao plano de Sarkozy de incentivar a imigração para a França de cientistas e pesquisadores estrangeiros e de priorizar vagas de empregos para imigrantes como forma de inserção social.

"Ao ouvir os discursos do Le Pen, pregando a defesa e a valorização do francês, é evidente que os agricultores e operários desempregados os maiores eleitores de Le Pen decidem na mesma hora votar nele. E não apenas estes, mas também aqueles que, diante de uma oferta de trabalho, foram recusados simplesmente porque se chamam 'Pierre' ou 'Jean-Luc', e não 'Jung' ou 'Mohammed'. Não é meu caso, que recrimino a postura fascista de Le Pen, mas conheço muita gente que pensa desta forma. Os meus pais, por exemplo", confessa Pascal.

Últimas pesquisas

Terminou a oh de hoje, horário francês (cinco horas a mais que o horário de Brasília), o prazo final para a divulgação das últimas sondagens eleitorais na França. Todos os seis institutos de pesquisa apontavam a vitória do candidato conservador Nicolas Sarkozy (UMP), com entre 27 e 29,5%, e da socialista Ségolène Royal (Partido Socialista), com entre 22,5% e 26% dos votos. Em terceiro lugar aparece o candidato de centro François Bayrou, com em média 18%, seguido de Jean-Marie Le Pen (média de 13%)





Fonte: Terra

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