Sem-terra tomam fazenda Lagoão, em Itapura-SP
"Só vamos sair daqui quando a Justiça Federal julgar e concluir o processo de desapropriação da fazenda. Estas famílias estão há seis anos acampadas debaixo da lona, sob sol e chuva, na beira da estrada, esperando pela terra. Não é justo que sofram tanto esperando apenas uma sentença de um juiz", comentou o líder dos sem-terra, Lourival Plácido de Paula, coordenador do MST.
A fazenda, que pertence a um grupo italiano, está arrendada para uma companhia rural de engorda de gado de corte. A área foi considerada improdutiva em 2002. Em junho de 2004, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) depositou R$ 8 milhões em Títulos da Dívida Agrária (TDAs) para sua desapropriação. Posteriormente, numa decisão de primeira instância, a Justiça Federal de Araçatuba deu imissão de posse ao Incra, mas os donos entraram com ação declaratória contestando os laudos de improdutividade e a questão ficou emperrada no Tribunal Regional Federal(TRF) até hoje.
A Lagoão é uma das 18 áreas em que os fazendeiros recorreram contra as desapropriações, alegando que o Incra errou nas perícias de avaliações que constataram a improdutividade dos imóveis. Na última quarta-feira, em encontro com líderes do MST da região, o superintendente do Incra, Raimundo Pires Silva, afirmou que a Justiça Federal prometeu, após os protestos do "abril vermelho", priorizar o julgamento final das ações judiciais que tramitam desde 2002 sem uma decisão final. Os sem-terra dizem que agora é hora de saber se a prioridade será mesmo cumprida. As 18 áreas são suficientes para assentar cerca de 2 mil famílias.
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