Comandante de Alagoas manda prender 40 PMs em paralisação
"A adesão ao aquartelamento é total no Estado de Alagoas. Apenas 30% dos policiais saíram para patrulhar as ruas, pois a lei exige este percentual mínimo de funcionários trabalhando, mas em alguns quartéis ninguém saiu", disse à agência Efe Elisângela Mello, porta-voz da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia e dos Bombeiros Militares de Alagoas.
O policiamento de Alagoas é feito por aproximadamente seis mil agentes. O aquartelamento, como o sindicato prefere chamar a greve, começou na quinta-feira à noite e durará 48 horas, segundo a associação.
A paralisação deixou praticamente sem policiamento as ruas de Maceió, mas ainda não foram registrados crimes graves. Segundo Elisângela, a decisão foi tomada na quinta-feira da semana passada, quando os policiais deram um prazo de sete dias ao governo de Alagoas para que se pronunciasse sobre o aumento salarial.
"Como não houve resposta e todas as audiências que a Associação havia pedido foram canceladas, os policiais decidiram se aquartelar", disse. Os policiais de Alagoas, que estão entre os menos remunerados do Brasil, recebem salário base de cerca de R$ 530.
Em março, uma sentença judicial determinou que o salário fosse reajustado em 88%, abaixo do aumento já concedido aos oficiais da polícia. O governo estadual alega que o orçamento não permite conceder este aumento.
Ilegal
O comandante da Polícia Militar de Alagoas, coronel Rubens Goulart, disse que a greve é ilegal e afirmou que pode processar os agentes por crimes como insubordinação, desobediência e abandono de cargo. "Vamos colocá-los para trabalhar nas ruas. Eles estão cometendo um crime quando se negam a desempenhar seu serviço. Ontem (quinta-feira) à noite conseguimos superar a situação sem problemas", disse o oficial.
"Pretendemos deslocar os policiais que estão nas unidades de instrução (academias) às ruas e reforçar a vigilância com os alunos", afirmou Goulart.
Em janeiro, Alagoas viveu uma greve de comissários e investigadores da Polícia Civil, também por reivindicações salariais. A paralisação foi decidida depois de o governador Teotonio Vilela Filho ter suspendido temporariamente um decreto de seu antecessor que concedeu reajuste salarial a todos os funcionários públicos. Vilela Filho foi obrigado a renegociar os aumentos salariais diante da ameaça de greve dos funcionários não só da polícia, mas também das escolas e dos hospitais.
O governo alega que o Estado tem um déficit de R$ 400 milhões e que o reajuste agravará ainda mais as finanças de Alagoas. As greves de policiais para pressionar por aumentos salariais são comuns em Alagoas. Em julho de 2001, o governo federal precisou enviar o Exército para patrulhar as ruas de Maceió e de várias cidades do Estado devido ao caos gerado por uma greve de policiais civis e militares.
Comentários