MT está entre os campeões nacionais de violência contra a mulher
Três meses de angústia para o investigador de polícia, Geraldo Pereira de Matos. No dia 18 de janeiro a sobrinha dele, Juversina Alves dos Santos (30), foi assassinada com golpes de faca em uma rua do bairro Jardim das Oliveiras, em Várzea Grande. O principal suspeito, apontado por testemunhas, é o ex - namorado, que teria cometido o crime por causa da guarda da filha de cinco anos.
“É revoltante, e a sociedade, o bairro inteiro fica revoltado quando ele passa aí. Até hoje, nada aconteceu”, conta Geraldo Pereira Matos.
Dez mulheres já foram mortas este ano em Cuiabá e Várzea Grande. Duas foram mortas pelos companheiros só no mês de abril. O número já está superando o total registrado em todo o ano de 2006. No passado foram 11 casos.
Em relação às agressões físicas e morais, a delegacia especializada na área, registrou desde janeiro deste ano, 394 ocorrências, uma média de 10 por dia.
“Muitas vezes a pessoa vai se acostumando, não observando que está acontecendo um crime dentro da própria casa, quando muitas vezes se chega a uma lesão corporal e até a um homicídio”, disse Silvia Biagi Ferrari, delegada de Defesa da Mulher.
Os números colocam Mato Grosso como segundo Estado brasileiro onde as mulheres mais sofrem violência. O primeiro é o Espírito Santo. Especialistas no assunto atribuem tantas ocorrências à falhas na aplicação da principal lei que defende a classe feminina, a ‘Lei Maria da Penha’.
A assistente social Madalena Rodrigues, do Núcleo de Estudos da Mulher da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) disse que a lei não está inibindo os agressores e precisa ser aplicada com mais eficácia e vigor.
“No século XXI, e ainda existir um ranso como este, de matar as mulheres. Isso é um caso de polícia e de políticas públicas”, disse.
Delegacia
Hoje, a deputada estadual Chica Nunes (PSDB) apresentou indicações ao governo com cópia ao secretário de estado de Segurança Pública, Carlos Brito para a criação e instalação de Delegacia de Proteção à Mulher em outros três municípios mato-grossenses: Juscimeira, Cáceres e Diamantino. De acordo com a assessoria da deputada, nos primeiros três meses deste ano quase 3,6 mil mulheres foram vítimas de violência na capital, além dos 10 assassinatos registrados. Seis foram foram estupradas e nove sofreram ameaças graves.
Para a deputada, a reivindicação é importante aos municípios que não possuem nenhuma unidade de atendimento específico às necessidades das mulheres que residem nos municípios. A parlamentar ressaltou ainda que muitas mulheres sentem vergonha ou têm medo de recorrer a uma delegacia tradicional para denunciar a violência e os abusos que sofrem, sendo necessário a criação das Delegacias de Defesa da Mulher para contornar o problema.
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