PF deve pedir prisão de mais 40 em megaoperação
A operação envolve autoridades da Justiça, da Polícia Federal e do Carnaval do Rio. Eles são acusados de praticar os crimes de tráfico de influência, corrupção passiva e ativa, quadrilha e lavagem de dinheiro. Entre os presos estão magistrados, bicheiros, policiais, empresários e advogados.
Fontes da Policia Federal afirmaram que foram presos na primeira leva os "cabeças" do esquema de compra ilegal de sentenças judiciais que favoreceram as máfias de caça-níqueis e casas de bingos.
Numa próxima etapa, a PF estuda prender 40 pessoas ligadas ao grupo inicial de 25 detidos. Devem fazer parte desse grupo de 40 pessoas relacionadas ao esquema de venda de sentença, donos de casas de bingo e servidores públicos.
As duas toneladas de documentos e materiais apreendidos pela operação estão sendo analisadas pela PF desde segunda-feira. Além de papéis, a PF também apreendeu computadores.
Segundo a Folha Online apurou, a PF considera ter material suficiente para comprovar o esquema. A PF espera encontrar nesses papéis mais provas para pedir ordem de prisão contra mais pessoas supostamente envolvidas.
Depoimentos
A PF retoma os depoimentos de mais cinco dos 25 detidos durante a Operação Hurricane. Vinte deles já foram ouvidos: 17 no final de semana e outros três.
A fase de tomada de depoimentos não foi encerrada ontem para que os advogados tivessem tempo de ter acesso aos autos. Dessa forma, a PF pretende conseguir uma maior colaboração dos acusados, que vem optando pelo silêncio sob a alegação de que não têm conhecimento do processo.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) vinha reclamando que os advogados dos presos não tinham acesso aos autos do inquérito. Ontem à noite, o STF (Supremo Tribunal Federal) atendeu ao pedido do Conselho Federal da OAB e autorizou os advogados de defesa a terem acesso ao inquérito e assim conhecer as acusações atribuídas a seus clientes.
O ministro Cezar Peluso também decidiu ouvir o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, sobre os pedidos de relaxamento de prisão de envolvidos no esquema. Três detidos, desembargadores José Ricardo de Siqueira Rigueira e José Eduardo Carreira Alvim, além do advogado Silvério Nery Cabral Junior, entraram com pedido de habeas corpus no Supremo para conseguirem deixar a prisão.
Ao mesmo tempo, a PF já informou que deve pedir hoje a prorrogação da prisão temporária dos 25 presos. O prazo da prisão temporária vence às 6h desta quarta-feira e a PF quer estender por mais cinco dias.
A Folha Online apurou que o vazamento do vídeo mostrando os agentes encontrando dinheiro na casa de um dos bicheiros causou mal-estar na PF. As imagens foram veiculadas no final de semana por emissoras de TV. No final do dia, entretanto, a própria PF disponibilizou as imagens para toda a imprensa.
Armas
No total, a PF apreendeu 25 armas nos endereços dos suspeitos de integrarem a organização criminosa: 18 pistolas semi-automáticas e sete revólveres. Não há informações sobre os nomes dos donos dessas armas. Também foi apreendida muita munição, segundo um dos agentes ligados ao caso.
Entre os objetos apreendidos, a PF encontrou cerca de 130 anéis e 20 pulseiras na casa de um dos bicheiros. Os números ainda não foram fechados.
Prisões
Em outra decisão, o STF também autorizou os advogados a pedirem informações a respeito das acomodações dos presos com direito a prisão especial.
Os 25 presos estão divididos em sete celas. A PF procurou não colocar na mesma cela bicheiros e desembargadores para evitar que eles combinassem versões sobre as denúncias que possam prejudicar as investigações.
A superintendente da PF, em Brasília, Walquíria Souza, rechaçou as críticas dos advogados dos presos, especialmente dos três magistrados e dos advogados, de que eles não estão recebendo o tratamento a que têm direito.
Ela explicou que existe um padrão na Superintendência da PF que é seguido por todos os presos, "independentemente de ser juiz, todo mundo é tratado igual".
Walquíria contou ainda que quando foi comunicada da vinda dos presos para Brasília teve que transferir 30 presos para abrir espaço na sede da PF e comprar colchões de última hora para receber os acusados.
"Todos foram tratados com dignidade, tiveram direito a café da manhã, puderam telefonar para parentes e receberam visita dos advogados às 10h", afirmou. "É impossível que os desembargadores tenham direito a uma única cela, Os advogados podem até requerer, mas é inviável fisicamente."
Segundo ela, os presos são ouvidos por meio de um vidro, não existe contato físico com advogados e familiares.
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