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Cidades/Geral
Segunda - 16 de Abril de 2007 às 13:36

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"Quero morrer como uma mulher", disse Loise à BBC Brasil. Loise é o nome escolhido por ele para viver a nova vida de mulher. Por recomendação dos médicos, a identidade real de Loise não foi revelada.

Desde os anos 60, quando a Suécia realizou as primeiras cirurgias de mudança de sexo, Loise tenta se transformar em mulher. Foram muitas as consultas com os médicos encarregados de aprovar o tratamento, em vão.

Até que o psiquiatra Bengt Lundström, o mais conceituado especialista sueco em transexualismo, se interessou pelo caso.

As regras para a aprovação dos casos de troca de sexo na Suécia vem se tornando cada vez menos rígidas - anteriormente, era muito mais díficil um caso ser aprovado.

"Loise é um exemplo clássico de transexualismo e uma pessoa que durante quase toda a vida lutou pela sua verdade", disse à BBC Brasil o Dr. Lundström, professor da Universidade de Gotemburgo.

"Foi humilhada através dos anos e tem vivido uma vida extremamente difícil. Chegou a hora de mudar isto.”

Cirurgia

Segundo o psiquiatra, a troca de sexo de Loise vai ser formalmente aprovada pelas autoridades suecas nos próximos meses. A cirurgia será realizada no prestigiado Instituto Karolinska, em Estocolmo.

Mas o processo de mudança de sexo já vem sendo preparado há três anos. Durante esse período Loise tem tomado vários hormônios e desenvolveu seios de fazer inveja a muitas candidatas ao silicone.

A mudança de nome e identidade foi aprovada pelas autoridades suecas no início do ano, quando foram emitidos também seu novo passaporte e a carteira de motorista.

"Foi um dia feliz", lembrou Loise.

Ela conta que tinha três anos de idade quando percebeu que se sentia, na verdade, uma mulher. "Eu queria me livrar dos meus órgãos masculinos, mas minha mãe me impediu", disse.

Durante toda a infância, preferiu as roupas das irmãs. Chegava a ir à escola vestida como uma menina e jogou as calças compridas em um lago perto de casa.

Na idade adulta, Loise tentou viver uma vida "normal" como homem. Chegou até a se casar - mas o casamento durou pouco.

"Não consegui… não dava certo. Não era eu."

Vida de mulher

Durante todos esses anos, Loise sempre se vestiu e se maquiou como uma mulher. Seu armário é repleto de roupas femininas e de caixas de jóias e bijuterias.

Loise atualmente toca órgão e piano durante os cultos religiosos de uma igreja protestante no sul de Gotemburgo, onde vive. Vestida de mulher.

"Ainda há os que riem de mim, quando me vêem vestida assim. Mas tenho orgulho de ser mulher", disse Loise. "Em breve, vou entrar para o (livro dos recordes) Guiness", acrescentou, rindo.

"As crianças, eu perdôo. Mas os adultos, nunca. Não se deve ridicularizar, nem humilhar uma pessoa. Não se deve ferir sentimentos. Porque nunca se sabe o que está por trás, o que leva uma pessoa a ser ou agir de uma determinada forma", disse Loise.

"Algumas vezes, pensei em suicídio", revelou.

Transexuais brasileiros

Durante a entrevista à BBC Brasil, Loise mandou uma mensagem para os transexuais do Brasil.

"Espero e desejo que eles obtenham ajuda. Sei a dor por que passa um transexual e desejo que também no Brasil seja possível obterem ajuda para mudar de sexo".

De acordo com o psiquiatra Bengt Lundström, as regras para a aprovação do tratamento de mudança de sexo vêm se tornando cada vez menos rígidas.

Mas ele afirma que se trata de um processo responsável, já que antes da cirurgia o paciente passa por um período de dois anos de observação, em que é examinado por psiquiatras, cardiologistas e cirurgiões plásticos.

"Só após a aprovação de todos os especialistas o caso do paciente é levado ao conselho responsável pela decisão final sobre a troca de sexo", explica o medico.

Na Suécia, calcula-se que uma em cada dez mil pessoas seja transexual. Desde 1992, 285 pessoas já trocaram de sexo no país.

Um novo projeto de lei, apresentado no mês passado, propõe a extinção das exigências de que uma pessoa seja solteira e esterilizada para poder fazer a mudança de sexo.





Fonte: BBC Brasil

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