Diante da ameça de protestos, um comitê composto por representantes do governo, da polícia, do serviço secreto MI5 e da família real se reunirá diariamente para organizar o esquema de segurança do funeral da ex-primeira-ministra, Margaret Thatcher, que morreu na segunda-feira, aos 87 anos, vítima de um derrame.
A polícia ainda não divulgou o numero de oficiais que farão a segurança do cortejo fúnebre, que levará o caixão de Thatcher pelas ruas de Londres, de Westminster até a Catedral de São Paulo, no centro da cidade, na próxima quarta-feira, dia 17.
O trânsito ficará interrompido ao longo de todo o trajeto, que será acompanho por militares das três forças armadas, entre os quais militares da reserva que lutaram durante a Guerra das Malvinas, na década de 1980.
De acordo com o diário britânico "Guardian", um dos focos da operação policial - que estará sob comando do comandante David Martin, chefe da Unidade de Ordem Pública da Polícia Metropolitana de Londres - será conter potenciais ameaças de dissidentes republicanos irlandeses e de simpatizantes da extrema-esquerda.
Em outubro de 1984, o Exército Republicano Irlandês (IRA) detonou uma bomba em uma conferência do Partido Conservador em Brighton, deixando quatro mortos e dezenas de feridos. A premiê, que era alvo do ataque, escapou por pouco.
A Polícia Metropolitana de Londres fez um apelo para que grupos que estejam planejando manifestações no dia do funeral entrem em contato para garantir que o direito de protestar seja respeitado bem como o direito dos que prestarão a última homenagem à polêmica ex-premiê.
Segundo o jornal "Independent", policiais estão monitorando sites de mídia social e fóruns na internet com o objetivo de descobrir se há planos por parte de manifestantes de usar o dia do funeral para protestar contra o legado de Thatcher.
Nos últimos dias, forças policiais foram acionadas em várias partes do país para conter manifestações e "festas" em comemoração à morte da ex-premiê, que até hoje divide opiniões em todas as esferas da sociedade britânica por ter implementado uma série de reformas políticas e econômicas polêmicas durante seus três mandatos, entre 1979 e 1990.
Protestos foram registrados em Brixton, bairro no sul de Londres, palco de violentos protestos contra a premiê em 1981. A polícia também conteve distúrbios em Bristol, no sudoeste da Inglaterra, em Liverpool, no norte, e em Glasgow, capital da Escócia.
Mau gosto
O ex-primeiro-ministro britânico trabalhista Tony Blair, que assumiu o governo em 1997 após 18 anos dos mandatos conservadores de Margaret Thatcher e John Major, afirmou que as comemorações pela morte da ex-premiê são de "extremo mau gosto".
"Mesmo quando discordamos completamente de alguém, devemos mostrar respeito quando essa pessoa morre", disse Blair.
Segundo amigos, a ex-premiê morreu "em paz" às 11h28 da manhã de segunda-feira enquanto lia um livro.
Margaret Thatcher, que tinha o título de baronesa, terá um funeral com honras militares, mas não um funeral de Estado.
Até hoje, o único primeiro-ministro a receber esta honra foi Winston Churchill, que liderou a Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial.
Apesar do caráter supostamente "inferior" do funeral dedicado a Thatcher, a cerimônia contará com a presença da Rainha Elizabeth II, além de outros 2,5 mil convidados, entre eles vários chefes de Estado.
Thatcher assumiu a liderança do Partido Conservador e o governo do país em 1979, durante um período que ficou conhecido como "Inverno do Descontentamento".
Corpos não podiam ser enterrados porque coveiros estavam em greve, refletindo o clima de crise e divisão política em que se encontrava o país.
Thatcher enfrentou os sindicatos e implementou no país uma série de políticas neoliberais que incluíam privatizações e a desregulamentação do setor financeiro.
Seus críticos destacam que o melhor estado da economia ao final do seu governo se deve em boa parte aos recursos provenientes da exploração do petróleo do Mar do Norte.
O setor de mineração foi o mais afetado pelas medidas de Thatcher, que enfrentou uma greve geral de mineradores com duração de um ano, entre 1984 e 1985.
Mais de 100 minas consideradas deficitárias no país foram fechadas, resultando em altos índices de desemprego em várias cidades do país.
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