Rapaz de 2,23 m inicia tratamento para parar de crescer
"Estou muito contente em poder começar o tratamento e parar de crescer. Os médicos disseram que devo ficar com essa altura que tenho hoje", disse Silva, que vive na cidade de Palmeira dos Índios, no interior de Maceió, em Alagoas.
Silva foi acompanhado pelo médico neurologista Ricardo Camelo, que diagnosticou acromegalia (doença causada pelo excesso de produção do hormônio de crescimento). Na segunda-feira (16), o rapaz deve viajar para Maceió, onde vai passar por uma consulta com uma endocrinologista do Hospital Universitário.
"Não sei quantas vezes vou ter de tomar esse medicamento. Só depois de passar por essa médica em Maceió que irei saber", disse Silva.
A viagem de Palmeira dos Índios até Maceió costuma demorar quase duas horas de carro, mas a prefeitura não dispõe de um veículo adaptado ou um modelo que Silva caiba confortavelmente. "Não me importo em viajar em carro pequeno porque estou muito contente em poder fazer esse tratamento. Tá certo que fico com dor nas costas, mas não tem problema", disse Silva.
Luana, 1,60m, quer que Silva pare de crescer (Foto: José Perillo/G1)Silva sofre de acromegalia, doença causada pelo excesso de hormônio de crescimento, produzido pela hipófise. Esse aumento é provocado por um tumor na hipófise e pode acometer as pessoas de duas formas diferentes, segundo a médica Nina Musolino, do departamento de Neuroendocrinologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.
"Na infância ou na puberdade, antes do fechamento das cartilagens de crescimento, a manifestação é de gigantismo, uma vez que a ação do hormônio nessa faixa etária provoca um crescimento acima do normal", disse a médica.
Quando surge na idade adulta (época em que as cartilagens estão calcificadas), a doença provoca o "crescimento das extremidades do corpo. É o alargamento das cartilagens da face, das mãos e dos pés", explicou Nina.
Segundo a médica, a doença pode ocorrer em qualquer idade. "A acromegalia também provoca distúrbios como diabetes, hipertensão, aumento de órgãos como o coração, além de problemas na tireóide."
Tratamento
Apesar de ser benigno, o tumor pode destruir a estrutura ao redor da hipófise. "Mesmo com a cirurgia para a retirada do tumor, a doença pode não ser curada. Uma saída é o medicamento que ele está tomando (Sandostatin Lar, cuja composição principal é o acetato de octreotida)", disse Nina.
Segundo ela, "o medicamento tem efeito semelhante ao do hormônio somatostatina, que é fabricado pelo hipotálamo e inibe o crescimento. O acetato de octreotida é um hormônio sintético, mais potente e mais prolongado do que a somatostatina."
Casal recorre a artifícios para driblar altura (Foto: José Perillo/G1)Silva espera melhorar a qualidade de vida com o tratamento para frear seu crescimento. "Cresci ouvindo brincadeiras sobre minha altura. Não gostava muito, mas hoje consigo levar isso de uma maneira melhor. Só não deixo barato quem fica me provocando."
Aproveitando a altura, ele foi convidado para trabalhar na Biblioteca Municipal de Palmeira dos Índios, onde é responsável por devolver os livros e fazer atendimento aos usuários. "Eu tenho facilidade para colocar os livros na parte mais alta das prateleiras. Estou trabalhando lá desde o começo do mês", disse Silva.
Feliz com o começo do tratamento, Silva contou ao G1 que está namorando com uma colega da escola desde o fim de março deste ano. Ele estuda na Escola Municipal Professora Marinete Neves e cursa a 5ª série do ensino fundamental. "As meninas gostam da minha altura, mas ficam mais na brincadeira. Hoje estou namorando com a Luana, de quem gosto muito. Pedi para a mãe dela permitir o namoro."
Luana Gonzaga, de 14 anos e 1,60 metro, disse que está feliz com o tratamento do namorado. "Não quero que ele cresça mais. Espero que tudo dê certo". Ela contou que bate na altura da barriga de Silva. "A gente fica sentado e assim fica mais fácil para namorar. Pra mim, a altura dele está boa."
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