PF pode investigar laudos e mandados para liberar caça níqueis em Cuiabá
“A Polícia investigou tudo, menos é claro, quem estava por trás do esquema na época, antes da matança de quase uma dezena de pessoas, que resultou nas apreensões das máquinas caça níqueis e na desarticulação da máfia em Mato Grosso no início desta década. Agora, no entanto, o caso poderá ser novamente investigado, caso, é claro, alguém dê uma lve cutucada ”, confidenciou uma fonte da Polícia Federal.
Agora, cinco anos depois, os fatos foram novamente lembrados. Existia em Mato Grosso, mas precisamente em Cuiabá, segundo as investigações, uma outra quadrilha, ou uma outra máfia, especializada apenas em laudos periciais.
Antes da explosão do escândalo, quando diversas pessoas foram mortas e presas, as máquinas caça níqueis eram liberadas para exploração natural da contravenção através de laudos periciais e de ações da Justiça.
O esquema, segundo uma outra fonte da Polícia Civil, funcionava mais ou menos assim: As máquinas eram apreendidas pela Polícia Civil, mas como num passe de mágica eram liberadas através de mandados judiciais expedidos após laudos periciais. Os laudos confirmavam - um absurdo, comenta um policial federal - que elas não eram importadas e que funcionavam sem esquema de adulteração em suas engrenagens.
O ESQUEMA CARIOCA
A PF prendeu altas autoridades do Poder Judiciário, Ministério Público Federal, delegados da própria PF, além de integrantes da cúpula do jogo do bicho do Rio de Janeiro. Foram ainda presos advogados, empresários e policiais civis e federais dentro da “Operação Hurricane” – furacão, em inglês.
Depois de um ano de investigações sigilosas para investigar um esquema de corrupção, jogos ilegais, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Entre os presos estão o desembargador federal José Eduardo Carreira Alvim, que até a última quarta-feira (11) ocupava a vice-presidência do Tribunal Regional Federal do Rio, e o procurador regional da República no Rio de Janeiro João Sérgio Leal Pereira.
Além deles, foram detidos também um outro desembargador federal - José Ricardo Regueira -,a corregedora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Suzi Pinheiro Dias de Matos, que é delegada da Polícia Federal. Também foram detidos os conhecidos contraventores Anísio Abraão David, ex-presidente da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, Capitão Guimarães, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, e Antônio Petrus Kalil, de apelido Turcão, apontado pela polícia como um dos mais influentes bicheiros do Rio. Abraão David e capitão Guimarães. Eles fazem parte da mais alta cúpula do jogo do bicho no Rio de Janeiro.
NOVAS INVESTIGAÇÕES
Uma pessoa ligada ao empresário João Arcanjo Ribeiro, o “Comendador”, preso há mais de um ano na Ala Federal da Penitenciária de Pascoal Ramos, em Cuiabá, garante que vai apertar as autoridades de Mato Grosso, principalmente as Polícias Federal e Civil para que investiguem a fundo quem realmente eram os mafiosos e quem comandava o esquema de exploração de caças níqueis no Estado.
Segundo o “Amigo do Arcanjo”, o Comendador sempre foi bicheiro antes de virar empresário dono de muitas empresas, inclusive hotéis de luxo, mas nunca se envolveu com a exploração de máquinas caças níqueis.
O Comendador, segundo o “Amigo”, nunca negou ser bicheiro. Agora também nunca explorou jogos de caças níqueis. O pior, é que todos sabem disso, mas ninguém tem coragem de falar ao contrário. Portanto, aproveitando essa deixa do Rio de Janeiro, tá na hora de se saber quem é quem realmente na máfia, ou na ex-máfia das máquinas caças níqueis em Mato Grosso.
“Quantas pessoas foram assassinadas dentro do esquema de máquinas caça níqueis em Mato Grosso?. Muitas, é claro, mas só quem está preso é justamente o homem que nunca se envolveu com esse tipo de contravenção. Como na época o Comendador era apontado como um homem poderoso, para ele foi a marca de cobrar uma taxa para a liberação de todos os tipos de jogos, inclusive o caça níquel. Não sabemos se isso é verdade. Ele nega. Mas também isso agora não interessa. O que queremos agora é que o caso seja investigado profundamente. Se investigar, a Polícia vai saber quem são os verdadeiros mafiosos e quem mandou matar tanta gente”, desafiou o “Amigo”.
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