BC ficará mais imprevisível sobre atuações no mercado
"O Banco Central do Brasil comunica que, dando continuidade à política de fortalecer a capacidade do país de resistir a choques, e tendo por objetivo adequar suas atuações às condições prevalecentes no mercado de câmbio a cada momento, os leilões de swap reverso deixarão de ser necessariamente anunciados no dia anterior à sua realização", diz o comunicado do BC. A autoridade monetária não quis dar mais explicações sobre o assunto, alegando que o comunicado "auto-explicativo" era direcionado especificamente ao mercado e não para o restante da sociedade.
Imprevisibilidade
Na visão de analistas econômicos, o recado implícito no comunicado é de que, além da maior imprevisibilidade, o BC deverá ampliar sua atuação no mercado de câmbio, deixando de apenas fazer a rolagem dos swaps que vencem e colocando mais instrumentos desse tipo no mercado - ou seja, ampliando sua atuação compradora.
Dessa forma, as intervenções no mercado à vista, que vêm sendo cada vez mais agressivas (só ontem, segundo apurou a Agência Estado, as compras teriam ficado em US$ 1,5 bilhão), seriam reforçadas pelo uso mais freqüente e imprevisível dos swaps. Assim, com o BC mais agressivo no lado comprador, a moeda norte-americana poderia reverter o movimento acelerado de desvalorização ante o real.
Embora tenha sido assinada pelo diretor de Política Monetária, Rodrigo Azevedo, cuja saída foi anunciada esta semana, a medida reforça a interpretação de que a substituição pelo operador Mário Torós marca o início de uma fase de mais sofisticação da atuação do BC no mercado de dólar, com menos previsibilidade.
Em entrevista ao Estado durante a semana, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Aloizio Mercadante, havia defendido uma postura menos previsível do BC, de modo a aumentar o risco para o mercado e conter a especulação que levou à queda no dólar. Para o economista, Carlos Thadeu de Freitas, apesar de ir na direção correta, já que o BC andava excessivamente previsível, a medida é apenas paliativa e não vai mudar a tendência do dólar. "O BC estava fazendo tudo dentro do programado. Não digo que ele tinha de surpreender, mas não precisava ser tão previsível", afirmou. Para ele, o BC está comprando muitos dólares para ganhar tempo para que a moeda não chegue tão rapidamente ao nível de R$ 2.
Comentários