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Economia
Sábado - 14 de Abril de 2007 às 11:34

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A Bolívia ameaça cortar o envio de gás natural a Cuiabá na segunda-feira, caso a empresa Pantanal Energia não aceite uma cláusula que isenta a estatal YPFB de assegurar o cumprimento das metas de fornecimento previstas no contrato de compra e venda. O atual acordo vence neste domingo.

O mais novo impasse com a Bolívia foi incluído na agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante sua participação na Cúpula Energética da Comunidade Sul-Americana de Nações, na Venezuela, onde ele deve se reunir com o presidente Evo Morales. O encontro de dois dias começa justamente na segunda-feira.

Ultimato

O ultimato foi dado pelo presidente da YPFB, Guillermo Aruquipa, durante reunião realizada na quarta-feira em Santa Cruz de la Sierra. Segundo a Folha apurou, a reunião foi interrompida pelos representantes bolivianos depois que a empresa brasileira disse que não aceitaria a cláusula quatro do novo contrato.

De acordo com essa cláusula, a YPFB poderá deixar de fornecer gás a Cuiabá sem nenhuma punição caso seja necessário desviar a produção para atender o consumo doméstico.

A reportagem deixou vários recados no escritório do presidente da Pantanal Energia, Carlos Baldi, entre quinta-feira e ontem, mas ele não ligou de volta.

A estatal boliviana YPFB, procurada sobre o impasse, também não quis se manifestar sobre o caso.

Pantanal Energia é empresa privada à qual pertence a usina termelétrica Mario Covas. Localizada em Cuiabá, tem ainda como sócias as multinacionais inglesas Shell e Ashmor. A termelétrica gera energia usando gás natural boliviano e vende para a estatal Furnas, que distribui ao mercado. A capacidade instalada é de 480 MW.

Durante a visita do presidente Evo Morales a Brasília, em fevereiro, a termelétrica de Cuiabá teve o gás reajustado em 253% - subiu de US$ 1,19, preço bem abaixo do mercado, para US$ 4,20 por milhão de BTU (medida de energia). Na época, também foi acordado um aumento do preço do gás vendido à Petrobras, cujo valor ganhou um novo cálculo.

Em contrapartida, Morales assegurou a Lula o fornecimento de gás ao Brasil, tanto para o ramal que abastece o centro-sul do país quanto para o que segue para Cuiabá.

Na época, a avaliação do governo brasileiro era de que o aumento no preço do gás comprado da Bolívia contribuiria para a estabilidade do governo Morales e melhoraria as relações com a Petrobras, que opera os maiores campos de exploração do combustível no país.

O ramal que abastece Cuiabá opera de forma independente ao gasoduto que abastece o centro-sul do país, incluído São Paulo, que tem um contrato de fornecimento à parte gerada pela Petrobras. O volume destinado a Cuiabá é de cerca de 2,8 milhões de metros cúbicos diários, quase todo destinado à termelétrica. Já o gasoduto Brasil-Bolívia transporta em média 26 milhões de metros cúbicos/dia.





Fonte: Folha Online

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