Férias anuais poderão ser divididas em até três vezes
A proposta aprovada pela CCJ é antiga, e foi apresentada pela deputada Rita Camata (PSDB-ES) em 1989. O projeto, de número 3343/89, acrescenta, segundo a Câmara, um inciso no artigo 131 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e já está sendo criticado por diversos sindicalistas.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva, o projeto serve apenas para flexibilizar as relações de trabalho, prejudicando os empregados e beneficiando os patrões. “É uma tentativa dos deputados de abrir a gaveta das maldades contra os trabalhadores.”
O Sindicato dos Metalúrgicos de são Paulo, Mogi das Cruzes e Região e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) também criticaram a projeto. As entidades afirmaram que a idéia dos deputados é inadmissível e que afeta a saúde dos empregados. Pelas estimativas dos sindicalistas, um trabalhador demora entre 10 e 14 dias para se “desligar” das atividades profissionais e, portanto, só descansa por cerca de 16 dias durante as férias. O fracionamento faria com que o período de férias deixasse de ser um benefício.
v Em nota oficial, o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, afirmou que o estrago da lei pode ser ainda pior. “O projeto fixa que o patrão pode unilateralmente dividir em dois períodos as férias dos funcionários que ultrapassem 20 dias ao ano. O projeto é um golpe dos patrões dentro do Congresso Nacional.”
O presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, que também é deputado pelo PDT, disse que vai estudar com atenção os efeitos do projeto. “Se o trabalhador tiver a opção de escolher o fracionamento das férias tudo bem. Mas se o patrão realmente tiver poder para obrigar os empregados a dividir as férias, vamos barrar a aprovação da lei na plenária”, garantiu o parlamentar.
Como o projeto já havia sido aprovado anteriormente no Senado, resta apenas que os deputados federais votem a proposta em plenário. A data da votação, no entanto, ainda não foi definida. Contudo, isso pode ocorrer ainda neste mês.
Caso o Congresso realmente aceitar a mudança, o texto será encaminhado para receber a sanção da Presidência da República.
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