Ex-delegado Fróes será julgado até junho deste ano
Fróes será julgado como mandante do duplo homicídio da empresária Marluce Dias e de seu filho Rodolfo Lopes, assassinados em março de 2004, dentro da casa das vítimas, no bairro Shangri-lá, em Cuiabá.
O processo foi encaminhado para a 1ª Vara Criminal pela juíza Maria Aparecida Ferreira Fago, da 12ª Vara Criminal da capital, depois que ela indeferiu o pedido da defesa que exigia uma nova acareação entre o delegado e os envolvidos no crime.
O Ministério Público Estadual (MPE) entendeu que o motivo para uma nova acareação não passa de uma medida protelatória da defesa, que pretende, com isso, adiar o júri popular.
No mês passado a juíza deferiu o pedido de perícia num bilhete escrito por Benedito da Costa Miranda, o "Piré", que praticamente inocenta o delegado do crime. No bilhete, datado de junho de 2005, Piré alega que o crime não tem mandante e ele não foi contratado por ninguém.
Denúncias
O MPE denunciou o ex-delegado como mandante do crime e por crime de peculato (apropriação de algo valendo-se de função pública). De acordo com a denúncia, a empresária foi assassinada porque tinha em mãos documentos que comprometeriam o delegado.
De acordo com o promotor criminal João Augusto Veras Gadelha, Fróes foi denunciado por homicídio duplamente qualificado em relação a Marluce. "Motivo torpe (vingança) e recurso que dificultou a defesa por parte da vítima", explicou ele.
Já no caso de Rodolfo as qualificadoras são outras: recurso que dificultou a defesa por parte da vítima e para assegurar a impunidade de outro crime - no caso, Rodolfo foi assassinado porque testemunhou a morte de sua mãe. Fróes foi denunciado ainda como mandante, por promover atividade de mais pessoas.
Julgamento
Fróes será julgado junto com o motociclista Josuel Corrêa da Costa, o “Jô”, denunciado pelo MPE como participante do crime.
Além do delegado e do motociclista, foram denunciadas mais quatro pessoas - o próprio Benedito da Costa Miranda, Hildebrando Passos, o "Huck", e Francisnei Pereira, sendo este último por porte ilegal de arma.
O autor dos disparos, na época um adolescente de 17 anos, foi sentenciado a cumprir três anos de atividade socioeducativa no Complexo do Pomeri, e já está em liberdade.
O crime
Em depoimento, o menor relatou os fatos. Ele teria entrado na casa, e encontrado o jardineiro que estava cortando grama. Logo depois bateu palma e foi recebido por Rodolfo, que já estava de saída para o trabalho, mas foi detido por A.C.L., que estava com arma em punho.
Antes de fazer os disparos, o menor teria dito ao jardineiro: “Você já viu alguém morrer?”. De acordo com o jardineiro, Marluce teria gritado: “meu filho!”. Rodolfo teria recebido o primeiro disparo, na cabeça, e logo depois, sua mãe.
O adolescente disse que matou Rodolfo porque ele estava em casa. "E mataria de novo", disse o menor, que se mostrou frio e calculista.
O revólver usado foi uma arma calibre 357.
Na época, o crime teve grande repercussão por conta das vítimas, bastante conhecidas, e do acusado, um dos delegados mais respeitados na cidade.
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