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Pesquisadores de MT elogiam modelo australiano de produção de algodão
O Brasil tem muito a aprender com a Austrália em relação ao manejo de pragas como as lagartas do gênero Helicoverpa, que estão causando muitos prejuízos às lavouras. Embora os dois países disputem posição entre os quatro maiores exportadores mundiais de pluma, os australianos parecem muito dispostos a compartilhar seus conhecimentos. Esta é opinião dos quatro pesquisadores do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) que visitaram centros de pesquisas e diversas fazendas das regiões de Moree, Goondiwindi, Wee Waa e Narrabri, na última semana.
Os pesquisadores Jean Belot, Patrícia Andrade Vilela (melhoristas), Rafael Galbieri (fitopatologista) e Miguel Soria (entomologista) ficaram bem impressionados com a forma como os cotonicultores lidam com a Helicoverpa spp., praga-chave da cultura do algodoeiro na Austrália e responsável por grandes perdas na produção desde o início do cultivo do algodão naquele país. Vale lembrar que justamente a Helicoverpa armigera vem sendo apontada por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) como responsável pelos prejuízos à lavoura do algodão de várias regiões brasileira, principalmente do Oeste da Bahia.
Segundo o grupo de pesquisadores do IMAmt, desde 2003, o controle da Helicoverpa na Austrália é realizado exclusivamente através do uso de variedades Bollgard II, sendo muito raro o uso de inseticidas para que ela seja controlada (casos de escape à tecnologia). “Praticamente, 100% da área é cultivada com algodão Bollgard II e, para que a eficiência da tecnologia pudesse ser preservada até hoje, um plano de manejo de resistência de Helicoverpa spp. à Bollgard II foi elaborado pela equipe liderada pela pesquisadora Sharon Downes (entomologista do CSIRO - The Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation – uma espécie de Embrapa australiana), sendo seguido à risca pelos produtores, desde o início do cultivo da tecnologia”, explica Miguel Soria, que se reuniu com a Downes.
Para a sustentação do plano, que sofre alterações a cada safra, basicamente quatro ações são realizadas: uso de refúgio – mandatório e realizado pelos produtores em configurações estabelecidas pela pesquisa; semeadura dentro de uma janela definida de cultivo também estabelecida pela pesquisa; destruição das pupas da praga no solo ao final da safra (refúgios e cultivos); e monitoramento da resistência de populações da praga às toxinas de Bt de Bollgard II a cada safra. Quando necessário, apenas pragas sugadoras são controladas com inseticidas seletivos, sendo que o número de aplicações não ultrapassa três. “Em algumas áreas, a safra é finalizada com apenas uma ou nenhuma aplicação de inseticidas para o controle de pragas secundárias, seguindo níveis de controle que ainda levam em consideração a população de inimigos naturais”, ressalta Soria.
Outros destaques
A comitiva brasileira, que está retornando a Mato Grosso esta semana, também destaca outros aspectos do cultivo do algodão na Austrália conhecidos durante a viagem. Na parte de melhoramento, os pesquisadores Jean Belot e Patrícia Andrade Vilela contam que quase todas as variedades de algodão plantadas naquele país tiveram origem no programa de melhoramento do CSIRO. Os dois melhoristas do IMAmt ressaltam que o programa da agência de pesquisa australiana trabalha preferencialmente com os traits da Monsanto B2RF e B3, sendo que este último tem previsão de lançamento comercial em 2015.
No que diz respeito à fitopatologia, os maiores problemas com relação a doenças na Austrália, de acordo com o fitopatologista Rafael Galbieri, são fungos de solo como Verticillium, Black root rot e murcha de Fusarium. “As medidas de controle são o uso de variedades com resistência genética, o tratamento químico de sementes e a contenção na disseminação desses patógenos”, informa Galbieri que assistiu a demonstrações de diferentes linhas de trabalhos durante a visita.
Os pesquisadores do IMAmt e o produtor Sérgio De Marco, que é ex-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), tiveram a oportunidade de visitar várias fazendas de algodão, quando puderam constatar a aplicação do Manejo Integrado de Pragas (MIP) e de outras tecnologias recomendadas pelos pesquisadores australianos, responsáveis por grande parte do reconhecimento mundial ao modelo de cultivo do algodão daquele país.
Além da pesquisadora Sharon Downes do CSIRO, o grupo brasileiro foi recebido pelo entomologista Lewis Wilson, pelos extensionistas Geoff Hunter e Sally Ceeney, e por responsáveis técnicos pelo controle de pragas em lavouras comercias de algodão da região do vale de Naomi (Narrabri). Todas as informações coletadas serão compartilhadas com o público do 9º Congresso Brasileiro de Algodão (9º CBA), que acontecerá em Brasília, entre os dias 3 e 6 de setembro – uma promoção da Abrapa e uma realização da Ampa, com diretriz técnica do IMAmt.
Fonte:
Só Notícias com assessoria
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