MST decide fazer ataques diretos a Lula
Além disso, os sem-terra romperam qualquer tipo de negociação com ministérios até que sejam recebidos por Lula em audiência no Planalto.
A decisão foi tomada por unanimidade em reunião da direção nacional do MST na semana passada, em São Paulo.
É uma mudança brusca de foco do movimento, que, no primeiro mandato petista, preferiu poupar o presidente das críticas e mirar suas forças em ataques na equipe econômica, no comando do Ministério do Desenvolvimento Agrário e na estrutura operacional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Pelo país, o MST promete espalhar cartazes com a seguinte frase, dita por Lula à revista "Caros Amigos" em 2000: "Não se justifica num país, por maior que seja, ter alguém com 30 mil alqueires de terra! Dois milhões de hectares de terra! Isso não tem justificativa em lugar nenhum do mundo! Só no Brasil. Porque temos um presidente covarde [no caso, FHC], que fica na dependência de contemplar uma bancada ruralista a troco de alguns votos".
O cartaz terá ainda uma foto do presidente com o boné do movimento e a pergunta: "Por que não sai reforma agrária?"
"Caiu a carapuça do presidente. Ele precisa se dar conta que tem um compromisso histórico com os movimentos sociais e com a reforma agrária", disse Marina dos Santos, da coordenação nacional do MST.
MST e Lula sempre foram muito ligados. O petista participou do primeiro congresso nacional do movimento, em 1985.
No governo, porém, Lula não cumpriu metas de assentamentos e não conseguiu atender às famílias acampadas.
"Ninguém do movimento vai pedir a cabeça do Lula. Vamos procurar o diálogo com ele", disse a coordenadora do MST.
O movimento quer uma reunião com Lula para ouvir seus planos sobre reforma agrária. Até esse encontro, ainda sem data prevista, o MST se recusa a conversar com intermediários.
Na semana passada, o próprio ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) teve um pedido de conversa negado pelo movimento.
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