Se pudesse, a Kia do Brasil apagaria o ano de 2012 de sua história. Vindo do apoteótico 2011, com 77.194 carros vendidos, a representação brasileira da marca sul-coreana mergulhou no trágico ano, de 41.160 emplacamentos: 45% de queda. Como consolo, a empresa ostenta a liderança entre os importados nos dois anos. Então, já que não pode esquecer 2012, melhor focar em 2013, ano que pretende crescer 10% e romper o jejum de lançamentos. O primeiro deles é o Cerato, modelo mais vendido da Kia no ano retrasado, mas que foi pego em cheio no ano anterior, terminando o período na quarta colocação.
Se na geração anterior o Cerato sofria de certa crise de identidade — por ser conceitualmente rival de Honda City, Fiat Linea e Ford New Fiesta Sedan, mas que não raro incomodava os sedãs médios —, agora, o sul-coreano assume de vez a posição de concorrente de Honda Civic, Toyota Corolla e companhia. Principalmente por ter crescido de tamanho: seu entre-eixos saltou para 2,7 metros, contra 2,6 m do Corolla e 2,67 m do Civic (relembrando, os dois principais, mas não únicos, rivais do Cerato). O reflexo desse aumento sente-se, principalmente, no espaço interno e, em especial, no banco traseiro.
A lista de equipamentos, já elogiável na geração anterior, é em alguns momentos digna de carros com etiqueta de R$ 100 mil pra cima, a julgar pela presença de faróis de LED de funcionamento diurno, direção elétrica com três opções de comportamento, ar-condicionado digital bizona, sensores de estacionamento traseiros e frontais e ajuste lombar elétrico para o motorista.
Os únicos deslizes estão na segurança (setor habitualmente boicotado pelo brasileiro, diga-se): o ABS não traz distribuição de força e, pior, os freios traseiros são a tambor. Controle de estabilidade e airbags laterais também não estão na lista.
Novo Kia Cerato agrada mais do que o antigoImpressões
Durante um contato predominantemente rodoviário, o Cerato agradou mais do que o antigo (que já ia bem) e, em vários quesitos, mais também do que alguns rivais. O interior não tem a ousadia da cabine do Civic, mas é bem mais atual do que o do Corolla. Os bancos têm apoio e maciez na medida, enquanto o painel é completo e de fácil compreensão.
No motor, os mais de 20 cavalos de diferença para os de Corolla e Civic são uma respeitável distância no papel, que na prática se dilui pelo bom funcionamento e total atendimento à proposta do veiculo. Para esse consumidor, discutir potência não é prioridade como é enumerar a lista de equipamentos.
Além disso, as seis marchas dão agilidade ao sedã e a direção elétrica com níveis de resposta (conforto, para cidade; normal e sport, mais adequada em estradas) é um recurso que, no fim das contas, acaba tendo mais utilidade do que 20 e poucos cavalos a mais.
Kia Cerato não tem interior ousado, mas está atual (Foto: Divulgação)Não se trata aqui de justificar a menor potência, mas sim de esclarecer que os 128 cv alcançados pelo bloco de 1,6 litro e 16 válvulas funcionam como deveriam. Os rivais, quando levados em tocada mais esportiva, são evidentemente mais instigantes.
Kia Cerato tem boa lista de equipamentos, mas deixaLançamentos
Além do novo Cerato, já à venda, a Kia terá uma relevante quantidade de lançamentos em 2013: Sorento, Cadenza e Optima reestilizados (maio, julho e outubro, respectivamente), Cerato hatch em agosto, nova geração da minivan Carens para setembro e Cerato cupê em novembro.
Quanto à tão esperada fábrica nacional, José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors do Brasil, garante que ela existirá, mas ainda sem data definida para início das atividades. A decisão sobre a operação — produção da própria Kia, transferência de tecnologia para o Grupo Gandini ou uma joint-venture — está neste momento sendo analisada pela matriz da marca. Somente assim a Kia Motors se habilitará no Inovar-Auto. O próprio Cerato é o principal candidato a primeiro nacional da marca sul-coreana.
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