Macondo é ali
Especialistas dos mais renomados e respeitados foram convocados pelo Departamento de Estado para investigar o fenômeno. A situação é grave, pois sem as abelhas, principais responsáveis pela polinização da maioria das espécies de frutas e flores, a América ficaria menos doce e mais feia.
Os doutores e PhD’s nada descobriram. Supuseram que as vespas tenham sido vítimas de um ainda mais misterioso vírus, e tombaram. Porém, a tese carece de uma prova rotunda e definitiva: não há cadáveres das Hymenoptera. E como prescreve o bom Direito, sem cadáver, não há crime.
Mais marqueteiros do que cientistas, os doutores pelo menos tornaram a busca pelas respostas mais simples, ao conseguirem, ao menos, batizar o sinistro evento de “Fenômeno de Desordem de Colapso de Colônias”, como diz Diana Cox-Foster, professora de entomologia da Universidade da Pensilvânia. (Logo da Pensilvânia, que habita nosso imaginário pelos filmes fantasmagóricos, tipo Frankstein!).
Ainda dos Estados Unidos vem a notícia de que os astronautas das estações espaciais vão passar a beber urina logo em breve, para economizar os espaços nas estações destinados aos reservatórios de água.
Alguns milhões de dólares e décadas de estudos depois, na NASA, a agência espacial americana, apresentou uma tecnologia capaz de reciclar a urina. Seria mais ou menos o seguinte: nuns tubos que giram em alta rotação, a urina é decantada, e os sais minerais e outros compostos químicos são isolados. Depois de coados, sobra água pura e cristalina. “Tem gosto de água e cheiro de água”, diz um dos astronautas de teste (tipo pilotos de teste de fórmula 1) que experimentou o invento.
A descoberta científica, diz o noticiário internacional, poderá servir, como quase tudo da indústria bélica e aeroespacial, para tornar a vida dos terrestres melhor e mais simples. Dizem, por exemplo, que essa solução poderia ser aplicada em regiões desérticas, como o Nordeste brasileiro. Não que os nordestinos vão passar a beber urina reciclada. Mas, a mesma técnica poderia ser usada em escala massiva (já é usada em algumas regiões do Oriente Médio, por um processo chamado de “pressão osmótica”) para dessalinizar a água do mar para consumo humano e/ou animal.
Tudo isso é verdade. Mas parece fantástico demais para crermos-lhes. É como se, de fato, um conto de Gabriel Garcia Marques, na sua Macondo (cidade imaginária que representaria Aracataca, a terra natal do escritor colombiano), passasse diante de nossos olhos, ao vivo, mas em preto e branco, como enxergam seu próprio extermínio subliminar as pobres abelhas, já que o físico ninguém consegue responder.
KLEBER LIMA é jornalista pós-graduado em marketing. E-mail: kleberlima@terra.com.br. www.kgmcomunicacao.com.br.
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