MST se declara contra obra no rio São Francisco
A nota, divulgada no último sábado, determina que seja mantida a "unidade" sobre este tema entre os sem-terra de todo o país, mesmo entre os que não são atingidos pela obra.
Autorizada pelo Ibama, a transposição ainda não tem data para ser iniciada. O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), disse que quer ouvir todos os setores contrários antes do início da obra, além de executar um plano de abastecimento que leve água a todas as comunidades que vivem às margens do rio.
Apesar dessas ressalvas, porém, ele diz que irá realizar a obra, orçada em R$ 6,5 bilhões e tida como um dos principais projetos do governo Lula.
A polêmica da transposição existe desde o primeiro mandato de Lula, mas só agora o MST declarou ser contrário à obra. Na nota, o movimento orienta as sedes estaduais dos sem-terra a "demonstrar" que a transposição só irá servir ao agronegócio e que existem outras formas de promover uma melhor convivência com o semi-árido.
Diversas entidades contrárias à obra em todo o Nordeste têm se mobilizado para adiar ao máximo seu início. O ministro da Integração anterior, Pedro Brito, atual secretário de Portos e homem de confiança do ex-ministro Ciro Gomes, chegou a alocar recursos para o Exército iniciar as obras e divulgou editais de licitação, mas Geddel não deu seqüência a isso.
Integrante do PMDB da Bahia, Estado contrário à obra por ser doador de água, o atual ministro quer evitar desgastes político-eleitorais e alega que a Bahia será, sim, beneficiada pelo projeto.
Na nota, o MST se propõe a "denunciar" que o capital estrangeiro, com vistas à transposição, já está comprando terras na área por onde irão passar os canais da obra, e que a água tirada do rio São Francisco será "privatizada".
O governo federal, por sua vez, argumenta que o principal objetivo da transposição é o abastecimento humano, mas diz que também haverá o uso para a agricultura irrigada, como fonte de desenvolvimento da região.
Ainda na nota, o MST declarou querer que seja feita a revitalização do rio e que seja criada uma nova política regional para o Nordeste. "A aplicação dos R$ 6 bilhões na região do semi-árido poderia melhorar muito mais a vida das pessoas se fosse aplicado em outros projetos de sustentabilidade (sic)."
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