Para psicóloga, quantidade de jovens presos em Rondônia reflete falhas nas políticas públicas
Segundo a psicóloga do Centro de Apoio da Infância e da Juventude do estado, Daniela Bentes de Freitas, é preciso aplicar mais medidas alternativas de prestação de serviço à comunidade em vez da internação.
“Existem várias falhas nas políticas públicas e, antes da internação, existem medidas de meio aberto, como prestação de serviços à comunidade. A privação de liberdade só deve ser usada em casos extremos, quando se trata de um ato infracional grave, ameaça a vida de alguém, reiteração de ato infracional ou quando há descumprimento de uma medida imposta”, explica.
Segundo a psicóloga, quando o adolescente não recebe o atendimento adequado, ele continua apresentando casos de agressividade e sofrimento mesmo depois do tratamento. “A questão da necessidade de investir nas medidas socioeducativas em meio aberto é porque a privação de liberdade por si só já é uma situação traumatizante e, em meio aberto, o tratamento pode ser mais eficaz”, afirma.
O artigo 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente determina que o jovem em conflito com a lei só pode ser privado de liberdade se for internado em unidades especializadas. Freitas afirma que a falta dessas unidades e o grande número de jovens privados de liberdade são os maiores motivos da irregularidade em Rondônia.
“Faltam unidades especiais para jovens, e as que existem precisam ser melhoradas. A grande demanda do estado está na capital, Porto Velho. Hoje, são 110 adolescentes internados. A unidade daqui tem muitas deficiências, que fazem com que o adolescente reincida”, critica.
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