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Economia
Sábado - 07 de Abril de 2007 às 16:09

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Em primeiro lugar no ranking das unidades da federação que consomem fitas e DVDs piratas, Brasília ainda está muito distante de se ver livre do comércio de mercadorias falsificadas. No país, a realidade não é diferente. Pesquisa realizada pela Datafolha a pedido da União Brasileira do Vídeo (UBV) mostra que apenas 35% da população só compram filmes originais. Dos 17% que declaram comprar filmes piratas, 24,59% são de Brasília, primeira cidade na lista de seis incluídas na pesquisa. Belo Horizonte vem em segundo, com 22,22%. Rio de Janeiro e Porto Alegre ocupam o último lugar, ambas com 9,52%.

O motorista Francisco José Souza da Silva é um típico consumidor de produtos piratas. De acordo com o levantamento da Datafolha, 31% dos brasilienses compram vídeos copiados ilegalmente. Freguês habitual dos DVDs falsificados vendidos no Setor Comercial Sul (SCS), Silva prefere comprar a cópia por causa do preço. “Se eu for a loja, vou ter que pagar uns R$ 30, R$ 40 em cada filme. Na rua pago bem menos. Às vezes a qualidade não é tão boa, mas o preço compensa. E depois, dizem que esses discos estragam o aparelho, mas a verdade é que tenho um há sete anos que continua funcionando direitinho”, justifica.

Comportamentos como o de Silva movimentam negócios ilegais, mas lucrativos. “Fico nesse ponto diariamente, das 9h às 18h, e vendo uns 200 DVDs por dia”, afirma um vendedor que não quis se identificar. Na banca dele no SCS, em geral os DVDs são vendidos em bloco – ele cobra R$ 10 por quatro DVDs, R$ 2,50 cada cópia. Com o preço baixo e a boa localização da banca, o movimento é contínuo. A todo instante mais de um freguês explora o acervo.

Com tantos clientes interessados, é possível até se especializar. No SCS uma das bancas vende apenas filmes com temas bíblicos. Entre eles há, inclusive, o Príncipe do Egito, da DreamWorks. “Ganho 100% em cada DVD porque compro por R$ 2,50 e vendo por R$ 5. Então, é um negócio que vale a pena, até porque eu vendo entre 30 e 40 DVDs por dia”, detalha o vendedor que também não quer ser identificado.

Ele trabalhava como gerente de uma cervejaria e ganhava R$ 800 por mês. Há seis meses, ficou desempregado e entrou no “ramo” dos piratas pela dica de um amigo. Hoje, não pensa em trocar de negócio. “Meu primo até me chamou para trabalhar numa concessionária, mas o salário era de R$ 400. Não dá. Só de aluguel pago R$ 300. Vendendo os DVDs e tiro na base de R$ 1,4 mil por mês, então enquanto der vou continuar por aqui”, diz.

O estudo mostra que os consumidores de piratas compram, em média, três filmes por mês e julgam o valor cobrado por eles baratos e a qualidade do produto baixa. Em sua maioria, são consumidores menos favorecidos economicamente, com menor escolaridade e idade média de 34 anos. Aqueles que adquirem DVDs originais normalmente possuem mais opções de lazer, maior poder de compra e maior grau de escolaridade.

Os altos preços das mercadorias originais estão entre as principais justificativas dos adeptos de produtos piratas. Eliane Cardoso é cliente dos camelôs do SCS e gosta da economia feita. “Em Brasília não tem muitas opções de diversão. As pessoas vão muito ao cinema ou ficam em casa vendo filmes. Eu compro muitos DVDs para meus sobrinhos, que gostam dos desenhos, mas não vou pagar até R$ 70 por um filme”, conta. “Às vezes o DVD não funciona e, se você der azar, o vendedor não vai querer trocar, mas a maioria troca”, acrescenta.

Além dos consumidores de filmes piratas em camelôs, a pesquisa verificou a quantidade de internautas que aproveitam a rede mundial de computadores para baixar filmes que, muitas vezes, ainda nem saíram no cinema. A proporção ainda é pequena, 3%. Os que copiam filmes somam 2%. Ambos são atos de um público mais jovem, solteiro e de nível superior. A taxa de estudantes dentro deste grupo é elevada, 28%. Em Brasília, a porcentagem de usuários que baixam filmes é a maior do país, 12%.





Fonte: Correio Web

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