Felipão difere de Mano e faz experiências em sua volta à seleção
Luiz Felipe Scolari chegou à primeira vitória em seu retorno à seleção depois de quatro jogos, e já é possível notar diferenças sensíveis em relação ao seu sucessor. Por características pessoais e também por estar muito perto de uma competição importante, o atual treinador começa seu trabalho fazendo mais testes que Mano Menezes quando assumiu, mas levando vantagem em relação à escolha de seu meia armador.
Quando assumiu o Brasil em 2010, logo após a Copa do Mundo, Mano Menezes tinha pela frente a espinhosa missão de renovar a equipe. A estratégia do novo comandante, ao contrário do que se poderia esperar, foi estabelecer uma base e manter-se fiel a ela, ao menos no início.
A comparação se dá pelo início dos dois no comando da seleção brasileira. Mano conseguiu resultados melhores, mas sempre diante de rivais mais fracos. Felipão só ganhou no quarto jogo, mas antes de fazer 4 a 0 na Bolívia tinha sofrido com Inglaterra, Itália e Rússia, times de primeiro escalão.
Além disso, o contexto também difere o trabalho de ambos. Felipão tem poucos meses até a Copa das Confederações, e só quatro convocações (cinco jogos ao todo) para formar seu grupo para o torneio.
Nos quatro primeiros jogos da era Mano, Victor, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, André Santos, Lucas, Ramires e Robinho estiveram sempre entre os titulares. Neymar só não esteve quando o treinador o puniu após a briga que ele teve com o técnico Dorival Júnior, à época ainda no comando do Santos.
Alexandre Pato, por sua vez, não conseguiu a sequência por conta das lesões, que o afetariam pelos anos seguintes. Ganso, titular na estreia, viria ser a grande pedra no sapato de Mano, que perdeu seu principal candidato a camisa 10 quando ele teve uma lesão, sofreu para buscar substitutos à altura e testou Philippe Coutinho, Elias e Ronaldinho Gaúcho.
Em seus quatro primeiros jogos, Mano Menezes viu seus comandados baterem Estados Unidos, Irã e Ucrânia e perdeu por 1 a 0 da Argentina. Sua base deixaria alguns legados, como o titular da lateral direita, a dupla de zaga e a aposta em Neymar, hoje todos titulares absolutos mesmo após a saída conturbada do treinador.
Ao chegar, Felipão resolveu experimentar. Em relação à base que sobreviveu à passagem de Mano, acrescentou Júlio Cesar como seu goleiro. Nas demais posições, o treinador decidiu observar de perto todas as opções possíveis.
Mesmo na zaga, onde ele tem Thiago Silva e David Luiz em destaque, ele escalou Dante, Réver e Dedé para saber como todos se sairiam, e gostou do que viu. Na lateral esquerda, a posição mais disputada da equipe, Adriano, Filipe Luis, Marcelo e André Santos receberam oportunidades nos quatro jogos.
No meio-campo, Ramires e Paulinho formaram uma dupla mais ofensiva diante da Inglaterra. Nos jogos contra Itália e Rússia, Felipão apostou em mais segurança, escalando o elogiado Fernando e Hernanes. Diante da Bolívia, foi a vez do treinador ver Paulinho e Ralf em ação, repetindo a parceria de sucesso no Corinthians.
Até o ataque, onde Fred e Neymar formam uma dupla pouco contestável, Felipão fez testes. Seu primeiro camisa 9 foi Luis Fabiano, que passou em branco no primeiro tempo contra a Inglaterra. Nos amistosos realizados em seguida, ele decidiu ver de perto Diego Costa, do Atlético de Madri, e diante da Bolívia testou Leandro Damião e Alexandre Pato.
Curiosamente, uma das posições mais seguras é justamente aquela que deu mais trabalho a Mano Menezes. Desde que o novo treinador assumiu, Oscar assumiu a camisa 10 e não parece deixar muitas dúvidas em Felipão, que o escalou nos três jogos que fez na Europa.
A grande questão parece ser o nome que irá acompanhar o meia do Chelsea. Mais uma vez, Felipão experimentou. Ronaldinho e Kaká tiveram duas chances cada e Lucas também ganhou alguns minutos.
Até a definição final, o treinador terá mais uma chance de observar suas opções. No dia 24 deste mês, o Brasil recebe o Chile em Belo Horizonte, em mais um amistoso fora da data Fifa, em que Felipão só poderá convocar jogadores que atuam no país. Será a última lista antes da chamada para a Copa das Confederações, em junho, o principal teste antes da Copa de 2014.
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