Polícia prende acusados de integrar quadrilha de prostituição em Cuiabá
Policiais flagraram o momento em que cinco garotas embarcavam na rodoviária de Cuiabá com destino a Campo Grande (MS). Elas teriam sido contratadas para fazer programas durante uma feira agropecuária no outro Estado. Esta foi uma das pistas que conduziram as investigações.
Dois acusados tiveram a prisão preventiva decretada: Guilherme Rodrigues da Chagas, apontado como o chefe do esquema, e Franklin Teixeira de Oliveira, suposto auxiliar dele. Na casa de Guilherme, os policiais encontraram uma lista de clientes, dólares e fotos de garotas de programa.
"Vários cafetões se auxiliavam nessa prática comercial da exploração sexual. Eles captavam clientes e passavam para o Guilherme. Como o Guilherme tinha um pouco mais de conhecimento com as vítimas, mulheres e adolescentes, ele fazia os contatos e cobrava uma taxa a mais que ele tirava para a vítima, tirava a parte dele e também daquele outro que indicou a ele", disse o delegado Paulo Araújo.
Escutas telefônicas feitas com autorização da justiça revelam detalhes do esquema e mostram que menores de idade eram aliciadas. Na gravação, um empresário conta que havia acabado de fazer um programa com duas meninas virgens. "Aquela hora eu 'tava' no corre-corre com duas gatinhas de 13 anos. Tô até arrepiado, primo", disse um empresário em uma gravação. "A mãe ofereceu ela para mim (sic). Você acredita, Guilherme? Vou jogar a prima dela na tua mão, combinado?", completa o empresário.
Em outra conversa, uma agenciadora de Cáceres combina a presença de prostitutas em um pacote de turismo sexual. "Eu preciso fechar grupos. Então, cada pacote desse fechado é R$ 30 mil, R$ 40 mil, entendeu? Eu preciso, quando fechar esses grupos, ter no mínimo duas, três mulheres maravilhosas do meu lado. Porque eles vendo duas, três bonitas mesmo, o resto vem atrás", diz uma suposta agenciadora na gravação. Guilherme responde que vai acompanhar a agenciadora em uma visita à cidade para conhecer as garotas e levá-las a Cáceres.
De acordo com a polícia, os principais clientes eram empresários. No entanto, os aliciadores chegaram a marcar encontros até para visitas íntimas dentro de presídios. A rede de prostituição também tinha contatos fora do país. "O Guilherme chegou a levar uma moça para o aeroporto, para ela viajar a Portugal", revelou o delegado.
A quadrilha tinha 'olheiros' para fazer o contato com as garotas. O recrutamento era feito em festas, bares e universidades. O grupo tentava convencer as garotas contatadas a se prostituir.
"Nós já temos mandados para novas prisões e pretendemos pedir ainda outros mais, possivelmente de empresários que estão envolvidos e que acreditamos sejam financiadores da exploração sexual. Isso porque, além de emprestar as fazendas, mansões, eles também mandavam dinheiro para que o Guilherme levasse as garotas para lá e montasse toda a festa para eles", concluiu o delegado.
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