Lula diz para base esperar Supremo decidir sobre CPI
"Vamos aguardar a decisão do STF [Supremo Tribunal Federal]", disse Lula, segundo participantes da reunião.
Lula se encontrou com o Conselho Político, formado por líderes e presidentes de 12 partidos que compõem a base do governo no Congresso. Os participantes deixaram o encontro repetindo a estratégia de evitar a abertura da investigação.
"Acho que uma CPI só colocaria mais lenha na fogueira e atrapalharia o país", disse o líder do PT, Henrique Fontana (RS). "Os líderes da base concordam que não há porque discutir um assunto que já está arquivado", disse Jovair Arantes (PTB-GO), líder do partido.
No dia 21 de março, o plenário da Câmara arquivou o requerimento que criava a CPI por 308 votos contra 141. Com isso, a oposição recorreu ao Supremo. Na semana passada, o ministro Celso de Mello concedeu liminar obrigando o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a desarquivar o requerimento de criação da CPI. No mesmo despacho o ministro decidiu que a publicação da criação da CPI deve aguardar o julgamento da questão pelo plenário do Supremo.
Deputados da oposição pediram ontem ao presidente interino do STF, ministro Gilmar Mendes, que antecipe para a próxima semana o julgamento do mandado de segurança que determinará se a CPI será ou não instalada na Câmara. Mendes disse que irá transmitir à presidente do STF, Ellen Gracie, o interesse dos deputados em uma decisão imediata.
Mas a antecipação do julgamento é improvável. O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, disse que enviará o seu parecer até o fim da próxima semana --e o ministro Celso de Mello irá esperá-lo antes de submeter seu voto ao plenário do STF.
Os deputados disseram que, se o STF demorar, buscarão alternativas. "Trabalhamos com a expectativa de o mandado de segurança ser julgado na próxima semana. Se não for, há vários caminhos: uma CPI mista ou do Senado", disse o líder do DEM (ex-PFL), Onyx Lorenzoni (RS). Porém, no Senado não há disposição para instalar a comissão. Coincidência ou não, Lula participou ontem de um jantar com os senadores petistas na casa de Eduardo Suplicy --desde 2004 ele não se encontrava com os senadores do PT.
"Pelo menos agora ele [o presidente] está com uma postura diferenciada. Da primeira vez levamos dois anos para marcar o jantar, agora, três meses", ironizou a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), antes da reunião.
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