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Nacional
Quarta - 04 de Abril de 2007 às 07:54

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O presidente da Federação Internacional das Associações dos Controladores de Tráfego Aéreo (Ifatca, na sigla em inglês), Mark Baumgartner, diz que deve demorar de sete a oito anos para que a desmilitarização do sistema de tráfego aéreo seja concluída, se essa for realmente a decisão do governo.

"A experiência internacional mostra que demora de sete a oito anos para funcionar completamente. Não vai ser uma coisa fácil e vai criar muita insegurança no início, mas no longo prazo é a solução", afirmou em entrevista à BBC Brasil.

Baumgartner também defende a administração do sistema por um ministério civil, como o dos Transportes ou da Aviação. É assim, segundo ele, que acontece nos países onde o sistema funciona bem. A administração pelo Ministério da Defesa, na avaliação dele, não é uma boa solução.

Ele diz que a transição é demorada porque primeiro é preciso mudar a legislação, depois dividir a infra-estrutura, decidir quem faz o quê, e separar as funções de controle do tráfego aéreo e da defesa aérea.

"Pode ser uma pílula amarga para os políticos e especialmente para os militares abrir mão deste poder, mas para a sociedade como um todo, para o desenvolvimento do turismo, da economia brasileira, é absolutamente importante que em 2015 se tenha um sistema funcionando bem. É um investimento no futuro", diz.

Iceberg

A reação do governo até agora, diz Baumgartner, mostra que ele não foi capaz de se distanciar e olhar a situação de modo abrangente. "Eles só vêem a ponta do iceberg. E estão tentando resolver cortando a ponta do iceberg, só que aí o iceberg emergiu e é muito maior do que eles pensavam", compara.

A divisão em um órgão regulador e um gestor é o modelo que deve ser perseguido, diz ele. "É preciso um órgão para supervisionar todo o setor", afirma. "Do jeito que é hoje, o mesmo órgão cria as regras, compra os equipamentos, administra o dia-a-dia e decide o que fazer quando alguma coisa dá errado", diz Baumgartner.

"O sistema está sobrecarregado, porque o mesmo órgão que diz que só é seguro andar num determinado limite é o mesmo que diz que é preciso ir além para dar conta do movimento", diz, numa referência às reclamações dos controladores de que são forçados a monitorar um número de vôos maior do que o recomendado pelos manuais.

Numa analogia com tráfego terrestre, ele diz que é como se atualmente a polícia estivesse dirigindo a 200 km/h um carro que deveria andar a 120 km/h.

"Mas como você é o dono, o construtor do carro e também a polícia, você diz: eu preciso ir rápido, porque estou atrasado. E quanto um acidente acontece, você diz: ah, mas isso não é importante."

Controladores estrangeiros

A contratação emergencial de controladores estrangeiros, como foi aventada pelo governo, "seria um desastre", na avaliação dele. "É possível contratar pessoas de fora e tê-las treinadas depois de seis meses, mas antes disso não", afirma.

Ele diz que na Europa é este o prazo necessário de treinamento para um controlador mudar de torre, mesmo que seja no mesmo país, já que o profissional precisa estar familiarizado com as rotas que vai comandar.

No Brasil, critica, um controlador é transferido de São Paulo para Brasília e em poucos dias já tem que estar trabalhando normalmente.

A Ifatca, sediada em Montreal, no Canadá, está acompanhando "de perto" a crise brasileira, segundo Baumgarter. O acidente com o avião da Gol foi o tema principal da revista da entidade em março.





Fonte: BBC Brasil

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