Brasil não adotará a circuncisão como método contra aids
Um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou recorrer à circuncisão generalizada em alguns países como forma de combater o contágio do vírus, depois que estudos feitos na África indicaram que a cirurgia ajuda a fortalecer a pele da glande e criar uma barreira natural contra o vírus HIV.
Para a diretora do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, um dos problemas é que, segundo os estudos, a cirurgia para retirar a pele do prepúcio só evita a transmissão da mulher para homem, e não o contrário, segundo a Agência Brasil.
Isso significa que apenas os homens estariam protegidos, disse a especialista, ao observar que também não há dados que comprovam a diminuição da transmissão do vírus HIV entre homossexuais.
Segundo a OMS, a circuncisão como arma contra a aids só é aplicável em países onde a epidemia alcança mais de 15% da população e, nesse contexto, ficam excluídos os países da América Latina, entre eles o Brasil, onde a epidemia chega a 0,06% dos habitantes.
"Acho um pouco surpreendentes e até temerárias essas recomendações da OMS e do Programa das Nações Unidas para o HIV/aids", disse Mariângela à Agência Brasil.
Ela disse temer que os recursos dos países desenvolvidos que hoje são destinados ao tratamento da doença sejam redirecionados às cirurgias de circuncisão nos países onde a técnica é recomendada.
O programa brasileiro de prevenção e combate à aids inclui campanhas de informação, distribuição de graça de preservativos e atendimento gratuito aos doentes com entrega de remédios anti-retrovirais.
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