Repórter News - reporternews.com.br
No meio do apagão aéreo
Na última sexta-feira, vi-me dentro do apagão aéreo. Uma experiência pra lá de vergonhosa por tudo que ela contém. Estava em São Paulo onde fui participar de um seminário sobre sustentabilidade da soja, promovido pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais. Meu vôo de volta, pela TAM, seria às 23 horas. Às 18, tomei conhecimento da greve dos controladores de vôos.
Trago o assunto neste artigo para estabelecer algumas reflexões. Liguei para a empresa e fui orientado a ir normalmente ao aeroporto porque esperava-se que até lá as coisas se normalizassem.
Cheguei ao aeroporto de Congonhas às 22 horas. Filas e mais filas e pessoas desorientadas. As empresas aéreas silenciaram. De pessoa em pessoa cheguei a uma fila para remarcar o bilhete. O painel de informações de chegadas e saídas de vôos do aeroporto mudava a todo instante e não informava. Meio no instinto peguei a tal fila da remarcação, com uns 200 metros de comprimento. À meia-noite ainda não havia informações e a fila tinha andado pouco mais de 10 metros. A indignação crescia, mas ninguém se mexia. O aeroporto estava cercado pela polícia militar de São Paulo.
Na angústia, encontrei-me com o amigo Mauro Mendes, presidente da FIEMT, que voltava da China junto com a esposa Virgínia. Cansado e indignado questionava: “que país é este que a população não é capaz de uma reação?”. Uma ou outra pessoa esboçava uma reação tímida...e a fila ali, paradona!
Por volta de 1 hora da madrugada a fila continuava parada. Apareceu uma funcionária da TAM e ficou parada, indiferente. Perguntei-lhe sobre a situação e ela disse para ir para o hotel e remarcar pelo call-center da empresa. Não confiei nela. Esperei mais um pouco e, por fim, junto com Mauro, decidimos ir para o hotel. Fosse o que Deus quisesse! Fui deitar-me depois das 2 da manhã. Às 6 horas liguei para o número do call-center. Escutei a musiquinha da TAM e esperei até às 7h30m, sem falar com ninguém. Mauro soube pelo site da TAM que os passageiros deveriam ir ao aeroporto tentar remarcar. Lá fomos juntos. Uma hora depois conseguimos, graças ao cartão fidelidade vermelho dele demos mais um passo. Remarcamos para as 14h52m, sem a mínima certeza de que isso nos garantiria voltar para casa. Com atraso de uma hora, acabou dando certo.
Mas registro o descaso da empresa aérea com seus passageiros. Atenção mínima e desinteresse completo. Uma vergonha para tanta gente perdida no hall do segundo mais movimentado aeroporto do país, andando feito barata tonta, sem informações! De outro lado, imagino a incapacidade do país de reagir. Falo da sociedade despolitizada e submissa, do governo, do legislativo e do judiciário. Num instante romântico cheguei a pensar que o Congresso Nacional pudesse reunir-se em vigília contra a evidente insubmissão e prepotência de meia dúzia de camicazes-controladores de vôo, ou que o judiciário se movimentasse, para não falar do prestativo Ministério Público quando os assuntos são políticos. Mas, nada! Estamos todos colonizados pelo medo ou pelo comodismo.
Lá em Brasília, insubordinados e descontrolados controladores de vôos nos controlam ao seu bel- prazer!
Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM
onofreribeiro@terra.com.br
Trago o assunto neste artigo para estabelecer algumas reflexões. Liguei para a empresa e fui orientado a ir normalmente ao aeroporto porque esperava-se que até lá as coisas se normalizassem.
Cheguei ao aeroporto de Congonhas às 22 horas. Filas e mais filas e pessoas desorientadas. As empresas aéreas silenciaram. De pessoa em pessoa cheguei a uma fila para remarcar o bilhete. O painel de informações de chegadas e saídas de vôos do aeroporto mudava a todo instante e não informava. Meio no instinto peguei a tal fila da remarcação, com uns 200 metros de comprimento. À meia-noite ainda não havia informações e a fila tinha andado pouco mais de 10 metros. A indignação crescia, mas ninguém se mexia. O aeroporto estava cercado pela polícia militar de São Paulo.
Na angústia, encontrei-me com o amigo Mauro Mendes, presidente da FIEMT, que voltava da China junto com a esposa Virgínia. Cansado e indignado questionava: “que país é este que a população não é capaz de uma reação?”. Uma ou outra pessoa esboçava uma reação tímida...e a fila ali, paradona!
Por volta de 1 hora da madrugada a fila continuava parada. Apareceu uma funcionária da TAM e ficou parada, indiferente. Perguntei-lhe sobre a situação e ela disse para ir para o hotel e remarcar pelo call-center da empresa. Não confiei nela. Esperei mais um pouco e, por fim, junto com Mauro, decidimos ir para o hotel. Fosse o que Deus quisesse! Fui deitar-me depois das 2 da manhã. Às 6 horas liguei para o número do call-center. Escutei a musiquinha da TAM e esperei até às 7h30m, sem falar com ninguém. Mauro soube pelo site da TAM que os passageiros deveriam ir ao aeroporto tentar remarcar. Lá fomos juntos. Uma hora depois conseguimos, graças ao cartão fidelidade vermelho dele demos mais um passo. Remarcamos para as 14h52m, sem a mínima certeza de que isso nos garantiria voltar para casa. Com atraso de uma hora, acabou dando certo.
Mas registro o descaso da empresa aérea com seus passageiros. Atenção mínima e desinteresse completo. Uma vergonha para tanta gente perdida no hall do segundo mais movimentado aeroporto do país, andando feito barata tonta, sem informações! De outro lado, imagino a incapacidade do país de reagir. Falo da sociedade despolitizada e submissa, do governo, do legislativo e do judiciário. Num instante romântico cheguei a pensar que o Congresso Nacional pudesse reunir-se em vigília contra a evidente insubmissão e prepotência de meia dúzia de camicazes-controladores de vôo, ou que o judiciário se movimentasse, para não falar do prestativo Ministério Público quando os assuntos são políticos. Mas, nada! Estamos todos colonizados pelo medo ou pelo comodismo.
Lá em Brasília, insubordinados e descontrolados controladores de vôos nos controlam ao seu bel- prazer!
Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM
onofreribeiro@terra.com.br
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/233919/visualizar/
Comentários