Índios bororos começam colheita de arroz em Mato Grosso
A receita do arroz é de dona Joselina, que tem dez filhos. Já a receita da fartura na reserva Tatarinama, a 250 quilômetros de Cuiabá, é de toda a tribo. "Cada um tocava o seu pedaço de roça. Agora, hoje não: hoje nós trabalhamos com grupo", conta o índio Ricardo Butori.
Trabalho que começa cedo. De caminhão ou a pé, homens para um lado, mulheres e crianças para outro. Rapidamente, 80 famílias se esparramam pela lavoura.
Com a ajuda de técnicos e máquinas de Rondonópolis foi possível reaproveitar áreas já desmatadas e aumentar a produtividade, tornando a tradição agrícola destes índios mais eficiente. "Isso os está ajudando a reforçar a auto-estima, a vontade de ser índio, o orgulho dessa terra. Esse era o objetivo principal" avalia Adão Garai, secretário da Agricultura de Rondonópolis.
São duas semanas de trabalho dobrado que vão garantir despensa cheia o ano inteiro nas aldeias. Já a importância cultural da colheita coletiva é ainda maior: vale a vida das futuras gerações dos boróros.
Nesse período as aulas são no campo, onde a professora ensina os menores a colher com as mãos, como faziam os antepassados. "Minha mãe aprendeu com mãe dela e eu aprendi com ela. Aí isso eu estou passando para minha menina", diz a índia boróro Edna Panatoguildo.
No fim da tarde todos saem com os baquités cheios. O trabalho continua em casa com muita satisfação. Graças ao esforço coletivo, na aldeia Tatarinama ninguém mais lembra o que é desnutrição. "Dorme tranqüilo, dormindo e pensando que tem um arroz para as crianças comerem", fala a índia boróro Jaqueline Aroediaiparinda.
Além dos 35 hectares ocupados com arroz, os boróros também cultivam milho, feijão, cana e banana.
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