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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Terça - 03 de Abril de 2007 às 09:40

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Os controladores de vôo levarão aos integrantes do governo federal, propostas muito bem definidas para que um novo “apagão” não pare o país na véspera do feriado da Páscoa. Além de um modelo de desmilitarização, a categoria vai apresentar dois pedidos especiais. Um diz respeito a garantias para que não sejam punidos pelo Inquérito Policial Militar (IPM), aberto ontem pelo Ministério Público Militar, para apurar o crime de motim. Uma saída seria o presidente assinar uma anistia geral para a categoria. O outro será sobre o valor do novo salário, quando passarem para a esfera civil. Eles vão sugerir algo em torno de R$ 8 mil, quase o que ganha um ministro de Estado.

Fortalecidos após a intervenção do Palácio do Planalto, que mandou a Aeronáutica voltar atrás na decisão de punir os rebelados, os controladores sentem-se à vontade para discutir um acordo salarial, fato impensável em outra conjuntura, já que militares não podem agir como sindicalistas. São vedadas a eles a realização de greves ou qualquer pressão com objetivo de obter vantagem salarial. Entre os argumentos a serem levantados, os militares alegarão que o controlador de vôo em outros países, como nos Estados Unidos, chegam a ganhar U$ 10 mil.

Explicarão também aos interlocutores do Palácio do Planalto que, ao deixarem a farda, perderão alguns benefícios, tais como moradia funcional e atendimento médico nos hospitais das Forças Armadas. O valor de R$ 8 mil, para os representantes da categoria que redigiram o documento a ser entregue na reunião, seria um salário compatível com os gastos que passarão a ter e com a responsabilidade que a tarefa exige. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que negociou com os controladores na noite de sexta-feira para que terminassem a greve, já havia acertado uma gratificação emergencial, que pode chegar a R$ 3 mil.

Mais rápido que as negociações entre o ministro e os controladores parece ser a vontade do Comando da Aeronáutica de ver os servidores insubordinados bem longe. Questionários estão sendo aplicados, numa espécie de enquete, para que o operador de vôo diga se quer ou não deixar a Aeronáutica. Muitos, ainda inseguros com a real execução da desmilitarização, temem optar pela vida civil e se tornar alvo de represálias. “A Aeronáutica cedeu muito fácil. Quando a esmola é demais, o santo desconfia”, diz um controlador experiente que trabalha em São Paulo.

O militar conta ter recebido uma ligação no fim de semana da chefia questionando se ele largaria a farda ou não com o novo modelo de gestão. “Insistiram, mas respondi que não tinha resposta. Estou com 23 anos de farda. Pelas regras militares me aposento em poucos anos. Como fica com a transição?”, questiona. A pressa em “livrar-se” dos “baderneiros” tem duas explicações. Primeiro, o orgulho ferido dos oficiais, segmento que teve a honra ofendida com a conduta de desobediência dos sargentos. A outra preocupação do comando é sobre quantos operadores restarão para fazer a defesa aérea do país.

Operadores do 3º Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta 3), no Recife, relatam que já são tratados como “não-militares” desde o fim de semana. Os oficiais, que ocupam cargos de chefia, teriam abandonado a sala de controle, deixando-a sob a responsabilidade dos operadores. E a sala de descanso estaria fechada para o uso dos controladores. A medida, na avaliação da categoria, trata-se de uma represália velada, que pode, inclusive, atrapalhar o fluxo do tráfego aéreo. Riscos quanto à segurança, afirmam os controladores, não existem. “Via de regra, um oficial ausente da sala não faz a menor diferença. O serviço dele é meramente administrativo”, diz um controlador.

Sem apoio

Na capital pernambucana, no entanto, a retirada de oficiais comunicadores, que trabalham dando suporte no tratamento do plano de vôo, está atrapalhando a operação. “Sem ter o plano de vôo no sistema, como iremos autorizar a partida do avião, quando, 20 minutos antes de decolar, ele nos chama?”, questiona um operador. A situação pode ficar pior se forem confirmados os boatos de que outros funcionários da Aeronáutica, do suporte de informática e do administrativo, deixarão de atender os controladores.

A categoria afirma que se trata de uma estratégia para desqualificar os militares rebelados. “Dizem que agora teremos de dar conta de tudo sozinhos”, relata um operador que trabalha em Brasília. “É isso que a Aeronáutica quer. Mostrar que nós não temos condições de gerenciar o setor e desmoralizar a categoria.” O comando da Aeronáutica, em Brasília, foi procurado para confirmar as informações de retirada de funcionários dos Cindactas, mas não retornou a ligação.





Fonte: Correio Web

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