Assessor reconhece que greve de controladores quebrou hierarquia militar

Brasília - O assessor de Comunicação Social da Associação dos Controladores de Vôo de Brasília, Ulisses Fontenele, reconheceu hoje (2) que o movimento dos controladores, na maioria militares de baixa patente, causou a quebra hierárquica na força. "Isso não resta dúvida, mas foi uma situação bem diferente. Houve quebra de hierarquia? Houve. É um problema muito sério para a tropa? É. Eu não vou dizer que não seja. Se em novembro já tivessem resolvido isso, não teria qualquer problema para a tropa", afirmou Fontenele durante debate na TV Câmara sobre a crise aérea nacional.

Ulisses Fonetenele disse que o serviço de controladores de vôo na Aeronáutica funciona como "um câncer” que tinha que ser estirpado logo. "Deixaram alastrar-se, e agora o prejuízo será muito grande", alertou. Segundo ele, para restaurar a hierarquia entre os militares da Aeronáutica "será necessária uma quimioterapia pesada para salvar o corpo por uma questão de momento".

Quanto a quebra confiança dos consumidores com os serviços das companhias aéreas, Fontenele afirmou que só será restaurado com ações transparentes. Segundo ele, tem que ser trabalhado para mostrar ao cidadão o que funciona e o que não funciona no serviço aéreo nacional. "Por isso nossa briga pela desmilitarização. A parte militar foi sempre aquele negócio de proteger. Isso em toda a parte do mundo. Tem que ser transparente", afirmou.

Ele não acredita, entretanto, que a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a crise aérea nacional seja o caminho para esta transparência. "Uma CPI é mais para fazer política do que propriamente fazer a coisa funcionar. Uma CPI tem que ser para a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), para investigar como foram feitas as licitações, é uma outra história".

Fontenele ressaltou que, no que diz respeito ao controle de tráfego aéreo, uma investigação do Ministério Público resolveria o problema para que as coisas começassem a funcionar.

O assessor garantiu que não haverá paralisação no feriado da Páscoa. "No que depender do serviço dos controladores de vôo, podem ficar tranqüilos. Eles estão dando o máximo de si, tem gente até se apresentando como voluntário para trabalhar, para justamente tentar amenizar o prejuízo causado à população", afirmou Fontenele.

Segundo o assessor, os controladores não tinham a intenção de causar prejuízos às pessoas que utilizam o transporte aéreo ao deflagrarem o movimento de greve na sexta-feira (30).