Balanço mostra atrasos em 7,3% dos vôos; governo discute crise
Na manhã desta segunda, antes da primeira reunião do segundo mandato já com o novo ministério, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, e com o ministro da Defesa, Waldir Pires, para obter um relato da situação do controle do tráfego aéreo no país. Eles devem voltar a se reunir no fim da tarde, em busca de soluções para o setor.
No programa de rádio "Café com o Presidente", Lula classificou como irresponsável a greve dos controladores, que praticamente parou o espaço aéreo brasileiro e lotou aeroportos. Muitos passageiros foram obrigados a dormir nos terminais, e os reflexos da greve foram sentidos durante todo o fim de semana.
"Eu acho muito grave o que aconteceu. Acho grave e acho irresponsabilidade pessoas que têm funções que são consideradas essenciais e funções delicadas [paralisarem as atividades], porque estão lidando com milhares de passageiros que estão sobrevoando o território nacional", afirmou o presidente.
Atrasos
De acordo com a Infraero, no domingo, os atrasos atingiram, ao longo do dia, 18,7% dos 1.623 vôos programados. Do total, 28 vôos foram cancelados.
No sábado (31), dia mais prejudicado pela nova crise, os atrasos atingiram, também durante todo o dia, 29,5% dos 1.590 vôos -- 118 vôos foram cancelados. Na sexta, mesmo com o motim dos controladores, o índice diário de espera ficou em 20,2% dos 1.892 vôos, de acordo com a estatal. Na ocasião, o número de vôos cancelados chegou a 138.
Segundo estimativas da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), mais de 18 mil pessoas tiveram os embarques prejudicados em todo o país, durante a paralisação.
Greve
A paralisação dos controladores de tráfego aéreo começou no Cindacta-1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo), com sede em Brasília, e ganhou adesão em outras regiões.
A greve chegou ao fim no início da madrugada de sábado --após mais de cinco horas--, quando o governo cedeu às exigências da categoria.
De acordo com a minuta de negociação assinada pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, o governo fará a revisão de atos disciplinares --que incluem transferências e afastamentos--; assegura que os envolvidos no protesto desta sexta não serão punidos; abrirá um canal permanente de negociação com representantes da categoria para discutir a gradual desmilitarização; discutirá a remuneração dos controladores civis e militares, a partir de terça-feira; e a desmilitarização do controle do tráfego.
Lula seguia para os Estados Unidos --onde se encontrou com o presidente George W. Bush-- quando a paralisação ocorreu. O presidente disse que soube do protesto ainda no avião presidencial e que entrou em contato com o comandante da Aeronáutica, com o ministro da Defesa e com o vice-presidente, José Alencar, para barrar o movimento. No sábado (31), nos EUA, Lula falou sobre a nova crise e disse esperar que uma "solução definitiva" saia até a próxima terça.
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