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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Segunda - 02 de Abril de 2007 às 11:13

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Investigações internas da Infraero apontam irregularidades em três contratos e a responsabilidade de funcionários da empresa. O ministro da Defesa, Waldir Pires, recebeu todos os documentos.

O nome do ex-presidente da Infraero e hoje deputado federal Carlos Wilson (PT-PE) aparece em todos os relatórios. Ora aprovando a assinatura de um contrato, ora concedendo procuração a funcionários para a prática de atos contestados pela auditoria interna. Wilson nega envolvimento nas supostas ilegalidades.

Os relatórios colocam sob suspeita o atual diretor comercial, José Welington Moura, e seu antecessor, Fernando Brendaglia de Almeida, hoje superintendente de Planejamento e Gestão da estatal.

Um dos casos relatados nas auditorias refere-se a um projeto empresarial no aeroporto de Guarulhos. Em 2004, a Neonet do Brasil disputou sozinha e venceu concorrência para uso comercial de imóvel de três pavimentos na área do aeroporto.

A empresa ofereceu a proposta de criar um centro de convenções empresarial.

A Neonet assinou em 2004 contrato de cessão do espaço por 15 anos. Até hoje, as obras não começaram. Enquanto a Infraero aponta erros da empresa, os R$ 200 mil de aluguel são pagos mensalmente.

Segundo a auditoria, a Neonet apresentou outro projeto prevendo um prédio de oito andares, mas a altura contraria o plano diretor do aeroporto.

A auditoria também contestou o valor do aluguel, citando como referência os R$ 120 mil pagos por um café que utiliza apenas uma sala no aeroporto.

Os auditores consideram a operação uma forma de privatizar a exploração do uso comercial da área do aeroporto.

Também reclamam que a concessão de todo o prédio, em vez de licitar cada área comercial no interior dele, criaria concorrência nociva à própria Infraero. A auditoria sugere a rescisão do contrato.

Posto e desvio

A segunda auditoria aponta problemas na assinatura de um aditivo ao contrato firmado em 1987 com a Shell do Brasil para um posto de gasolina próximo ao aeroporto de Brasília.

A Infraero ingressou com uma ação de reintegração de posse em 2002. A Justiça concedeu liminar, confirmou esta liminar e deu uma sentença de mérito em prol da estatal.

Mesmo assim, a Infraero e a Shell assinaram um acordo extrajudicial encerrando o processo e prorrogando o contrato por mais sete anos.

Segundo a auditoria, o acordo nunca foi aprovado pelo Conselho de Administração da empresa e a legislação vedaria a assinatura de acordos pelo valor envolvido e a assinatura de um aditivo dois anos e oito meses após encerrado o contrato.

A auditoria pede o encerramento do contrato e nova licitação para cessão da área.

Os auditores também identificaram "grave infração à norma legal" no contrato da Infraero com a FS3 Comunicação e Sistemas Ltda, para a compra de um software para gerenciar anúncios nos aeroportos.

A empresa não seria detentora de licença do programa, o que significa dizer que a Infraero usou produto original sem autorização por alguns meses em 2003. Também não houve pesquisa de preços e a empresa foi constituída e venceu o contrato em menos de um mês, sob dispensa de licitação.

A auditoria conclui que houve desvio de R$ 26,8 milhões na operação e encaminhou o processo ao Ministério Público e à Controladoria Geral da União.

Outro lado

As empresas Shell do Brasil e Neonet do Brasil negaram irregularidades nos contratos mantidos com a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária). A estatal não se manifestou sobre as auditorias internas.

"A Shell desconhece e repudia quaisquer denúncias sobre favorecimento a quem quer que seja e reafirma que não praticou quaisquer irregularidades na condução de seus negócios", afirmou a empresa em comunicado à Folha.

O presidente da Neonet, empresa que tem como acionista o grupo Brasilinvest, Joe Lago, disse que nunca foi informado sobre as suspeitas da auditoria interna da Infraero e que não poderia se manifestar sem conhecimento dos relatórios.

Lago salientou, porém, que o projeto em Guarulhos atende aos preceitos legais e que tão logo seja informado pretende esclarecer o que seriam enganos da auditoria.

O deputado federal Carlos Wilson (PT-PE), ex-presidente da estatal, negou conhecer detalhes dos processos. Disse que o contrato com a Shell foi suspenso por suspeitas de venda de combustível adulterado.

Wilson defendeu o projeto da Neonet em Guarulhos. E afirmou que desconhecia detalhes do contrato da Infraero com a empresa FS3.

"Qualquer empresa está sujeita a esse tipo de coisa [compra de software sem licença]. A Infraero tem que processar essa empresa que vendeu o programa", afirmou o deputado.

O diretor comercial da Infraero, José Welington Moura, foi procurado em seu gabinete, mas não respondeu até o fechamento desta edição os recados deixados pela Folha com sua secretária.

A reportagem não conseguiu contatar o superintendente de Planejamento e Gestão, Fernando Brendaglia de Almeida, cujo nome também foi citado nas investigações. Ninguém atendeu o telefone em seu gabinete na estatal.

A Folha também não conseguiu localizar a FS3 Comunicação e Sistemas Ltda.





Fonte: Folha de S.Paulo

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