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Cidades/Geral
Sábado - 31 de Março de 2007 às 08:50
Por: Jocelaine Simão

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A violência voltou a ultrapassar os muros escolares em Tangará da Serra. Na última semana foram registrados dois casos de alunos menores de idade que foram agredidos fisicamente dentro das salas de aula. A indisciplina está assumindo proporções que muitos professores estão com medo dos alunos. A grande maioria dos estudantes tanto da rede pública como privada revelam que já foram vítimas de violência dentro ou fora da escola. Ofensas verbais, assaltos e roubos são os problemas mais apontados pelos alunos.

O número de casos de violência nos colégios cresce, transformando a escola, antes espaço de amparo e proteção, num ambiente inseguro. O Conselho Tutelar responsável por atender crianças e adolescentes vítimas ou agentes da violência, diz que não há estatísticas referentes ao problema. A desinformação é acentuada porque poucos casos chegam até as autoridades. Diretores, pais e professores resistem em tornar público o que acontece nas salas de aula. Sem punição, os jovens permanecem cometendo infrações. No entanto, o pai da estudante de 16 anos que foi agredida e teve o nariz fraturado na última quinta-feira, declara que irá recorrer ao Ministério Público para buscar uma solução.

O músico Celso Máximo Ferreira conta que a sua filha de 16 anos foi brutalmente agredida por uma colega dentro da sala aula. A principal queixa do pai, é que a jovem não foi socorrida pela direção da escola e que para socorrê-la teve que arrombar o portão da escola. “Ela me ligou pedindo que fosse buscá-la no colégio, pois estava sendo ameaçada por uma colega e estava com medo de ir sozinha para casa. De imediato fui até a escola, ao chegar no portão aviste e a minha filha com o rosto cheio de sangue, fiquei desesperado, pois não sabia o que estava acontecendo. Pedi pra abrirem o portão, como recebi um não como resposta, não pensei duas vezes arrombei o portão e entrei na escola. A minha filha que também estava me vendo dizia no telefone “pai vem me ajudar”. Acredito que qualquer pai teria a mesma atitude, até mesmo o diretor que registrou contra mim uma ocorrência de destruição de patrimônio público. Não consigo aceitar que uma escola que atende mais de 2 mil alunos, deixe um fato desta gravidade acontecer e ainda não ter a responsabilidade de prestar socorro. Tive que invadir a escola para levar a minha filha ao médico. Como um pai vai ficar tranquilo no trabalho, sabendo que seu filho corre risco de vida na escola, onde seria um local de aprendizado”, desabafa Ferreira.

Ele conta que já registrou um boletim de ocorrência de omissão de socorro contra a escola, como também contra as jovens que agrediram e estão ameaçando a sua filha.

“Além de ter levado o fato ao conhecimento da Polícia, vou recorrer ao Ministério Público. Ontem pela manhã tentei solicitar a sua transferência, no entanto, a direção da escola pediu que aguardasse até segunda-feira, pois estariam se reunindo para decidir se irão ou não aceitar a jovem agressora de volta no colégio. Tenho medo de mandar a filha para escola. A partir de hoje vou levá-la e buscá-la no colégio e mesmo assim vou estar apreensivo, já que ela foi agredida dentro da sala de aula e ninguém a ajudou”, declara.

A jovem ainda muito nervosa com tudo que aconteceu contou exclusivamente à reportagem do DS que na escola há um grupo formado por meninas que está ameaçando as outras alunas. “Eu, como também minhas amigas somos provocadas diariamente, mas sempre ficamos quietas. Agora não sei como vai ser, pois fui agredida covardemente e tenho medo que isso volte acontecer”, diz a estudante de 16 anos. A jovem relata que é uma ótima aluna, nunca teve problemas na escola e as suas notas são ótimas, “mas por causa de alunas com má conduta, hoje tenho medo de voltar ao colégio”.

Um professor que prefere não se identificar pois teme represálias conta que os alunos ignoram a autoridade do professor.

DIREÇÃO DA ESCOLA - O diretor da escola 29 de Novembro, Donizete Cardoso diz que lamenta tudo o que ocorreu, mas garante que em nenhum momento a escola deixou de prestar atendimento à aluna agredida. Ele informa que na próxima semana acontecerá uma reunião entre os membros do conselho, direção e coordenação da escola.

Segundo ele, na ocasião será analisado a situação das alunas, tanto da agressora, como da estudante agredida e de mais cinco alunas que realizaram ameaças. “Elas não serão expulsas da escola, mas com certeza transferidas de turma e de período”, informa o diretor.

OUTRO CASO - Na noite da última quarta-feira, 28, um aluno, menor de idade, foi agredido pelo estudante Adilson da Silva Diniz, 18 anos. Ele foi conduzido a Delegacia Municipal pela Polícia Militar. O fato ocorreu nas dependências da Escola Bento Muniz, localizada no Jardim Santiago. O acusado tentou também agredir os policiais militares.

SEGURANÇA - Na segunda-feira, 26, a Polícia Militar realizou uma reunião com os diretores das escolas públicas de Tangará da Serra para discutir a implantação do Projeto Patrulha Escolar. Na ocasião alguns professores relataram que se sentem impotentes diante de alunos indisciplinados.

Outro fato citado pelos professores foi envolvimento com drogas e a aproximação com gangues e grupos criminosos como fatores determinantes na geração da violência escolar.

SAIBA MAIS - Dados nacionais demonstram que, hoje, as depredações, furtos e invasões representam 61% dos casos de violência no ambiente escolar. Na seqüência, as agressões contabilizam 19%; o consumo e o tráfico de drogas, 14%, e as ameaças, 6%.





Fonte: Diário da Serra

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