Tragédia do Vôo 1907 completa seis meses sem identificação dos culpados
O vôo saiu de Manaus em 29 de setembro, com destino ao Rio e escala em Brasília.
Na catedral de Brasília, parentes das vítimas realizam uma missa em homenagem aos mortos, organizada pela associação formada pelos parentes depois do acidentes. "Nossos parentes, é claro, não vão voltar. Queremos só que os culpados sejam punidos", diz Jorge André Cavalcante, que preside a associação.
A principal queixa dos parentes das vítimas é em relação à falta de informações das autoridades que investigam o caso. As investigações da Polícia Federal começaram dias depois da queda, antes mesmo de a Justiça definir se o inquérito caberia à PF ou à Polícia Civil.
Em janeiro, o STJ (Superior Tribunal de Justiça), decidiu pelo sigilo das investigações, mas segundo Cavalcante, o Ministério Público já deu um parecer a favor da divulgação das informações. "Eles não nos passam nada, mas deram informações para a defesa dos americanos", afirma Cavalcante.
Indiciamento
Os americanos são Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, piloto e co-piloto do Legacy , da empresa de táxi aéreo americana ExcelAire, indiciados por expor a aeronave que pilotavam a perigo. As investigações da Aeronáutica indicaram que o transponder, o TCAS (sistema anti-colisão) e o rádio do Legacy estavam em perfeito estado, mas inoperantes, o motivo é investigado. O transponder aciona o TCAS, que avisa os pilotos, visual e sonoramente, em caso de aproximação perigosa de qualquer objeto.
Antes do indiciamento, eles tiveram os passaportes retidos e não puderam deixar o país por cerca de dois meses. O repórter do jornal americano "The New York Times", Joe Sharkey, que também estava no Legacy, disse que estranhou a "detenção dos americanos" e elogiou os pilotos.
"Tudo o que pude ver e tudo o que eu sabia era que parte da asa não existia mais. Surpreendentemente, ninguém entrou em pânico. Os pilotos começaram calmamente a procurar o aeroporto mais próximo em seus mapas e controles", disse dias depois da colisão.
Ao contrário do jornalista, que elogiou a atuação dos pilotos, as investigações da PF apontaram para falhas tanto dos pilotos quanto dos controladores de tráfego aéreo. Na época, o delegado Renato Sayão disse que o acidente ocorreu devido a vários "vetores causais". Já o Ministério Público Militar isentou os controladores de culpa pelo acidente.
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