Lula diz que autoridades têm "culpabilidade" na crise aérea
"Não existe mais explicação para a sociedade, a não ser uma solução", disse Lula a jornalistas, durante a cerimônia de assinatura de acordos bilaterais com o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi.
Antes da cerimônia, Lula estava participando de uma reunião de emergência com todas as autoridades do setor, no Palácio do Planalto. "Eu quero prazo, dia e hora para anunciar que não vamos mais ter problemas", disse o presidente.
Lula mais uma vez relacionou a crise do tráfego aéreo ao crescimento do setor de turismo e a crise da Varig, que resultou no controle do mercado por "duas empresas (TAM e Gol)" que não têm dado conta do atendimento de todos os passageiros, segundo opinião do presidente.
Pela primeira vez, Lula apontou a responsabilidade do próprio governo na origem do problema, mesmo sem relacionar diretamente quais seriam esses setores de origem.
"Certamente (houve) culpabilidade de pessoas que tomavam conta dos aeroportos brasileiros", disse o presidente. Ele mencionou ainda os problemas provocados pelos movimentos de reivindicação dos controladores de vôo, que causaram lentidão nos aeroportos.
"Os controladores foram um item, mas tem muita coisa que qualquer cidadão percebe que tem falhas e muitas falhas que nós precisamos corrigir imediatamente", acrescentou.
A reunião terminou por volta das 14h. Dela participaram o ministro da Defesa, Waldir Pires, e responsáveis pela Anac, Infraero e Comando da Aeronáutica. Lula convocou também para a reunião a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia. O Planalto não informou se foram tomadas decisões em relação ao caso.
O último acontecimento da crise no setor aéreo no país ocorreu no fim de semana passado, quando o Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, ficou fechado devido a um problema com o equipamento, o ILS (sigla em inglês para Sistema de Pouso por Instrumento), usado para os aviões aterrissarem sob neblina.
Desde o ano passado, a aviação brasileira vem passando por uma crise. Em outubro, uma operação-padrão por parte dos controladores, pressionados pelas críticas que receberam depois do acidente com o avião da Gol, causou atrasos nos vôos em todo o país.
Além disso, panes em equipamentos no Cindacta-1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), com sede em Brasília, também provocaram cancelamentos de vôos e longas esperas nos aeroportos.
Este mês, o governo conseguiu derrotar a oposição ao aprovar na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) recurso contra a instalação da CPI do apagão aéreo na Casa.
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