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Quarta - 21 de Março de 2007 às 06:58

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Aguascalientes, México - O São Paulo tem hoje uma dupla missão, às 22 horas, contra o Necaxa, no México: alcançar a liderança isolada do Grupo 2 da Copa Libertadores e ainda tentar ampliar sua invencibilidade para 30 jogos. Com quatro pontos no torneio continental, o time são-paulino está dois pontos atrás do rival mexicano.

O problema é que o Necaxa é um dos poucos times que mantém 100% de aproveitamento na Libertadores. Por isso, jogando na cidade de Aguascalientes, o São Paulo teme ver o fim de sua longa invencibilidade.

"Estamos conscientes de que uma hora o São Paulo vai perder. É normal. Anormal é não perder. Se vier, a derrota será encarada com naturalidade", disse o superintendente de futebol do clube, Marco Aurélio Cunha. "É uma marca rara no futebol mundial, pois estamos enfrentando adversários de qualidade."

Para o dirigente, a série invicta do São Paulo já é de 34 jogos. A exemplo do que aconteceu em 1975, quando ficou 47 jogos sem perder, o São Paulo contabiliza os amistosos - foram cinco vencidos pelo time C, que excursionou pela Índia no início do ano. "Marcam os gols do Romário e ele merece a comemoração dos mil gols. Fizemos jogos oficiais na Índia, então conta sim. Mas, se não quiser contar, tudo bem. Quero ver ficar 29 partidas sem perder", disse Marco Aurélio Cunha.

No retrospecto contra o Necaxa, porém, o são-paulino não precisa se desesperar. Em três jogos, uma vitória para cada lado, além de um empate, com cinco gols a favor do São Paulo e dois contra.

O técnico Muricy Ramalho pouco se importa com a invencibilidade, que completará seis meses no próximo sábado. Ele só quer saber de ver seu time vencendo os jogos. Não importa se convencendo ou não. Ainda mais em uma Libertadores.

"Todo time mexicano é sempre muito complicado. Eles têm uma boa estrutura por conta do investimento que é feito no futebol. E no Necaxa não é diferente. É um time com valores argentinos, brasileiros e bons mexicanos. Uma equipe velocista", disse Muricy, que conhece muito sobre o futebol do México por ter jogado e treinado o Puebla, time que está hoje na segunda divisão do país.

Apesar das dificuldades previstas, o São Paulo terá força máxima para encarar o Necaxa. O volante Josué, que foi poupado do jogo contra a Ponte Preta, sábado, pelo Paulistão, está confirmado no time. E na defesa, o zagueiro André Dias, recuperado de lesão muscular, retorna.

"O São Paulo tem a obrigação de fazer a lição de casa. Mas em Libertadores, só vencer em casa não basta", disse o lateral-direito Ilsinho, que após o jogo de hoje segue direto para os Estados Unidos, onde embarcará para a Suécia para se juntar à seleção brasileira, que estará reunida para disputar os amistosos contra Chile e Gana, nos dias 24 e 27 respectivamente.

"Por tradição, os times mexicanos são sempre muito competitivos, arrumadinhos. Vamos respeitar, mas temos que brigar pelo resultado", disse Ilsinho.

No caso do Necaxa, o clube mexicano é certinho e ainda conta com o atacante brasileiro Kléber, que está no México há quatro anos e avisa: a meta do Necaxa é ser campeão da Libertadores.

"Estamos apostando tudo na Libertadores, e uma vitória contra o São Paulo praticamente garante a classificação", disse Kléber. De fato, o Nexaca lidera o Grupo 2, com seis pontos em dois jogos, depois de vitórias sobre Alianza Lima (Peru) e Audax Italiano (Chile).

Kléber serve de informante aos companheiros e ao técnico José Luis Trejo. Por isso, sabe muito bem que o São Paulo não perde há 29 jogos. "Contei aos meus colegas, mas eles não se preocuparam muito. Digo isso com todo respeito, porque precisamos ganhar", disse o atacante brasileiro.

"Jogamos na bola, sem violência. É um time que mantém a alegria dentro de campo", disse Kléber, ao falar do Necaxa. E ele elogia tudo: a cidade de Aguascalientes, o Estádio Victoria, os torcedores. "Aguascalientes é uma cidade bem legal, pequena e limpa, muito diferente da Cidade do México. O estádio é uma coisa linda, e a torcida, tranqüila. Fica quase todo mundo sentado, tirando os que ficam atrás do gol. Não tem violência."

Outro brasileiro do Necaxa, o meia Fabiano não estará em campo no jogo de hoje. Revelado pelo São Paulo, o jogador rompeu o tendão de Aquiles esquerdo e só deve voltar aos campos no segundo semestre. "Quando o Fabiano saiu, perdemos 50% do time. Ele queria muito disputar a Libertadores para irmos ao Brasil", contou Kléber.

Campeão brasileiro de 2001 pelo Atlético-PR, Kléber foi o maior artilheiro do País naquele ano, com 50 gols. Ele sempre é lembrado como possível reforço de equipes brasileiras. "Quase fui para o Santos, no ano passado", disse. Sua aventura no México começou em 2003, quando se transferiu para o Tigres. Depois, defendeu o Veracruz e o América. Há oito meses, defende, por empréstimo, o Necaxa - seu contrato termina em junho.

Adaptado ao país, o maranhense de 31 anos fala português com leve sotaque hispânico. "Dizem que não falo mais como maranhense, mas não esqueço a minha terra. São Luís é tudo, um lugar que sempre vou levar no coração", disse Kléber. A saudade dos irmãos e da mãe, Lealdina, deve diminuir no dia 4 de abril, quando o time mexicano vem a São Paulo para mais um jogo da Libertadores.

Grato ao México, Kléber pensa em naturalizar-se. "Penso muito nisso, mas não para defender a seleção mexicana. Quero ser cidadão do país que me acolheu tão bem", explicou.

Ficha técnica

Necaxa: Iván Vázquez; Osvaldo Lucas, Pablo Quatrocchi, Luis Omar Hernández e Mario Pérez; Horacio Cervantes, Oscar Zea, Everaldo Barbosa e Jaime Ruiz; Alfredo Moreno e Kleber. Técnico: José Luis Trejo.

São Paulo: Rogério Ceni; Alex Silva, André Dias e Miranda; Ilsinho, Josué, Souza, Hugo e Jadilson; Leandro e Aloísio. Técnico: Muricy Ramalho.

Árbitro: Sergio Pezzotta (ARG)

Horário: 22 horas

Local: Estádio Victoria, em Aguascalientes (MEX)





Fonte: AE

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