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Cidades/Geral
Terça - 20 de Março de 2007 às 17:22

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Pesquisadores do Projeto Boto do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) denunciaram hoje que estudos feitos há 12 anos apontam que a população de botos tucuxi e cor-de-rosa da Amazônia está decrescendo cerca de 7% ao ano. Embora contados por estimativa, dos 435 botos marcados há 7 anos, menos da metade está viva. "Entre os sobreviventes, há muitos com nomes humanos escritos nas costas, barbatanas cortadas, com várias mutilações absurdas", conta a pesquisadora Vera da Silva.

Segundo a pesquisadora, a matança está aumentando porque os animais servem de iscas para a pesca do peixe piracatinga, (Calophysus macropterus), que é altamente consumido na Colômbia e encontrado em muitas partes da bacia do Amazonas, especialmente no entorno da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, a cerca de 530 quilômetros de Manaus.

Por ser é um peixe necrófago (alimenta-se de cadáveres de animais aquáticos), a piracatinga não é consumido no Brasil, então a pesca é exportada para o país vizinho. O desaparecimento ou mutilação dos animais foi detectada também nos rios próximos aos municípios Coari e Tabatinga. Segundo Vera, há comunidades que estão sobrevivendo da pesca da piracatinga. "Não é só o boto que está sofrendo, o jacaré também, mas a preferência continua sendo pela carne do boto porque ele é mamífero, a musculatura é mais rígida. Assim, a isca dura mais", conta.

Nos últimos quatro anos os pesquisadores encontraram animais com cabos de nylon em volta da cauda, o que indica que foram mantidos amarrados. Outros foram encontrados com restos de malhadeira e cabos de nylon presos pelo corpo, provocando lesões sérias, inclusive alguns correndo o risco de perder a cauda. Também encontramos animais com a nadadeira peitoral cortada, com ferimentos feitos por objetos.

Boto Vulnerárvel

O tempo de vida do boto, ou golfinho de água doce, é até os 45 anos. A fase de reprodução da fêmea inicia-se aos oito anos de idade, enquanto a do macho acredita-se que com 10 anos ou mais. A fêmea tem apenas um filhote por gestação, que dura quase um ano. Durante os dois primeiros anos, ela dedica toda a atenção à amamentação do seu filhote. Devido a isso, a próxima gestação acontecerá somente no terceiro ano.

Segundo a pesquisadora o boto-vermelho está na categoria vulnerável. A classificação de conservação subdivide-se em: vulnerável, ameaçado e criticamente ameaçado. "Caso a pressão continue da forma atual ele, rapidamente, entrará na categoria ameaçado".

De acordo com Vera, a única espécie de golfinho de água doce da China (Lipotes vexillifer) foi declarada tecnicamente extinta em novembro do ano passado. Na época, pesquisadores daquele país procuraram pelos animais durante três semanas, por todo o rio Yang-Tsé, também conhecido como rio Amarelo, e não encontraram nenhum. O rio Amarelo era semelhante ao rio Amazonas, margens com grandes várzeas e repleto de golfinhos ou botos, mas em conseqüência dos projetos de desenvolvimento e da grande população chinesa, o rio foi totalmente alterado perdendo as características naturais.





Fonte: AE

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