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Nacional
Sábado - 17 de Março de 2007 às 11:52

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A construção de ao menos quatro usinas nucleares até 2030 e a retomada das obras de Angra 3 são consideradas decisões estratégicas para o governo. Segundo o presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tolmasquim, a retomada do projeto nuclear trará a energia a preço mais competitivo no futuro.

Para o presidente da estatal, a energia nuclear ainda é cara, mas tende a se tornar vantajosa até 2020. "Atualmente, a combinação de energia hídrica e térmica, que pode ser desligada, ainda é imbatível, mas as hidrelétricas vão esgotando seu potencial viável, e precisaremos de fontes como a nuclear."

Representantes do setor trabalham com tarifa de equilíbrio para Angra 3 de R$ 138,14/MW, pouco acima do preço médio das usinas térmicas que venceram o leilão para contratos em 2011, de R$ 137,44/MW.

Segundo Tolmasquim, a definição sobre o tamanho do projeto nuclear brasileiro depende de uma decisão presidencial e de uma reunião da CNPE (Comissão Nacional de Política Energética), que não tem data marcada. Apesar disso, em documento anexo ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o governo chegou a estimar o início das obras de Angra 3 para julho.

Com crescimento econômico maior e dificuldades ambientais para construir hidrelétricas, a necessidade de novas fontes energéticas aumenta.

"A questão nuclear causa arrepio à classe política, mas é condenável empurrar a decisão para a frente. O país gasta US$ 20 milhões por ano para manter os equipamentos que já comprou para Angra 3", diz Aquilino Senra, professor de engenharia nuclear da Coppe-UFRJ.

A Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) tem como proposta a construção de seis usinas de 1.000 MW cada uma. Seriam localizadas em centrais no Nordeste, próximo ao rio São Francisco, e no Sudeste. Segundo Odair Gonçalves, presidente da comissão, o custo total do projeto é da ordem de US$ 20 bilhões. "Não precisamos de dinheiro do Tesouro. O mercado mundial está comprador, e existem empresas interessadas", disse.

O modelo de financiamento com o qual o governo trabalha inclui aporte e captação de recursos da Eletrobrás, recursos do BNDES e de bancos estrangeiros. O BNDES entraria com 24% do valor total e prazo de 14 anos para amortização. Os bancos estrangeiros responderiam por 31%, com prazo de 15 anos.

A simulação de financiamento concentra a maior parte da origem dos recursos na Eletrobrás. Segundo Leonam dos Santos Guimarães, assistente da presidência da Eletronuclear, o governo tem tomado uma série de medidas para fortalecer a estatal e aproximá-la do perfil da Petrobras. "O governo está diante de um problema complexo de geração de energia e precisa de uma empresa forte para resolver."

O receio de um novo apagão no futuro motivou o governo a procurar outras fontes de energia que possam garantir a segurança no abastecimento. Em 2006, a energia nuclear foi responsável por 3,3% da geração total de energia, à frente das térmicas a gás, com 3,1% do total. A energia hídrica representou 91,9% do total.

Segundo Othon Pinheiro da Silva, presidente da Eletronuclear, o apagão de 2001 mostrou que os reservatórios não resistem a mais de dois anos de baixa pluviosidade. "Precisamos agora ser um país com hidrelétricas e térmicas", disse.

Para ele, com a mudança nas normais ambientais e o deslocamento do eixo de fontes hídricas para o Norte, a tendência é que os reservatórios se tornem menores.





Fonte: Folha de S.Paulo

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