Alzheimer: cientista defende tratamento genético
O cientista, que participou da VIII Conferência Internacional sobre Alzheimer e Parkinson, encerrada hoje em Salzburgo, lembrou que, até agora, o aspecto genético não foi devidamente levado em conta pela medicina. Segundo Cacabelos, não faz sentido iniciar um tratamento contra o Alzheimer depois que os sintomas da doença já apareceram, uma vez que, a essa altura, bilhões neurônios já morreram.
Para o pesquisador, é preciso desenvolver uma estratégia preventiva contra o verdadeiro começo da doença, pois um paciente que demonstra sintomas de degeneração cerebral aos 60 anos, na verdade, começou a ficar doente cerca de 30 anos antes. Além de 80% da ação dos remédios depender de nosso genoma, o gene CYP2D6, responsável pelo metabolismo de mais de 30% dos medicamentos que atuam sobre os cérebros da população caucásica européia, sofreu mutações em cerca de 17% desse grupo populacional.
Isso quer dizer que, quando são administrados, em aproximadamente 17% desses pacientes os remédios têm um efeito tóxico ou são ineficazes.
Cacabelos ressaltou que os medicamentos existentes são antigos, geralmente baseados em enfoques equivocados, que não atuam sobre as verdadeiras causas da doença, mas tratam os sintomas, sem considerar o problema genômico, que é fundamental.
O especialista deposita suas esperanças na farmacogenômica, que, segundo disse, trabalha com "a estratégia mais avançada que existe hoje no mundo" para o tratamento de doenças degenerativas do cérebro. De acordo com Cacabelos, essa nova área da medicina desenvolve remédios e estratégias adaptadas ao genoma individual das pessoas.
Ou seja, trata-se de uma forma de medicina personalizada adaptada ao perfil genético dos indivíduos. Para o cientista, esse novo enfoque terapêutico não vale apenas para o Alzheimer, mas também para uma série de outras doenças afins, como a doença de Huntington.
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