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Domingo - 11 de Março de 2007 às 11:38

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Realizar um passeio na praça, caminhar pelas ruas ou até mesmo passear pelas avenidas de Cuiabá pode se transformar em uma opção de lazer e até ser considerado um bom programa. Foi caminhando entre uma rua e outra que os destinos de Carlos Alberto Leal (52) e Marcel Alvarinho (77) se cruzaram. Mas eles não estavam passeando. Nem retornando para casa. Os dois eram moradores de rua.

Sem família, sem parentes e desempregado, Carlos Alberto contou ao RMT Online que morava no município de Campo Novo dos Parecis e veio à capital para tratar de um pé quebrado. Sem dinheiro e nem onde ficar, ele acabou se transformando em um morador de rua por cinco meses. "Não tive escolhas e nem para onde ir. Acabei ficando pelas ruas", lembra Alberto. Vivendo ao relento e sobrevivendo de esmolas, Carlos revela que hoje essa realidade não faz mais parte da vida dele. Há um mês ele conseguiu ser atendido pelo programa Abordagem Solidária, realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Humano (SMASDH) e foi encaminhado para um albergue. Carlos já até arrumou um emprego.

A história de Marcel Alvarinho tem semelhanças com a vida de Carlos. Há alguns meses em Cuiabá, Marcel veio de Goiânia (GO) na tentativa de conseguir uma consulta para realizar um tratamento de saúde. Por não ter onde ficar, também acabou nas ruas.

Alvarinho revela que não possui família e nem parentes. Sempre viveu sozinho. Como Carlos, Marcel conseguiu sair das ruas e mudar de vida. Ele também está alojado em um albergue e trabalhando em uma empresa de eletrônica.

Os dois ex-moradores de rua, em depoimento ao RMT Online, disseram que depois de tanta dificuldade que enfrentaram na luta pela sobrevivência diária nas ruas, buscam conquistar um sonho. Agora querem sair do albergue e conseguir alugar ou comprar uma casa.

Mil deixam a rua

De acordo com a Secretaria de Assistência Social, atualmente o índice de moradores de rua na capital é muito baixo. A chefe da pasta, Celcita Pinheiro, destaca que cerca de 1.198 pessoas foram recolhidas das ruas entre 26 de janeiro do ano passado e 28 de fevereiro deste ano. A ação foi realizada por meio do programa Abordagem Solidária, destinado ao atendimento de moradores de rua.

As pessoas recolhidas passam inicialmente por um sistema de triagem, para que possam receber ajuda, como voltar para casa, fazer contato com a família e outros serviços. Em seguida, são encaminhadas para três casas de abrigo. Segundo Celcita, dos 1.198 recolhidos, atualmente apenas 58 estão alojados. Uma pesquisa realizada pela SMASDH aponta que, em Cuiabá, 95% da população de moradores de rua são homens com faixa etária entre 25 a 60 anos.

Sem rumo

O que leva os moradores de rua à situação em que vivem? A explicação mais comum é a crise financeira, mas talvez não seja esta a resposta correta na maioria dos casos. "Uma das grandes causas está na desestruturação familiar", aponta Celcita. Para ela, a ausência familiar aliada ao desemprego contribui para que essas pessoas enxerguem uma solução na bebida, nas drogas e, conseqüentemente, nas ruas.

A secretária revela também que há ainda aqueles que vivem pelas ruas da cidade não levadas pelo álcool, mas sim por opção. "Alguns moradores de rua não gostam de ficar na casa de abrigo ou em albergues. Muitos sempre fogem e acabam voltando para o mesmo lugar de origem," conclui a secretária. (KM)





Fonte: RMT-Online

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