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Nacional
Domingo - 11 de Março de 2007 às 05:26

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Motociclistas do Rio de Janeiro, vítimas de assaltantes, estão pagando "resgate" para ter devolvidas suas motos. O valor varia - pode ir de R$ 1 mil a R$ 10 mil. A diferença se dá de acordo com a "finalidade" da moto roubada: algumas são levadas para ser usadas em ações dos marginais - como "bondes" ou fugas. Depois, eles resolvem faturar um dinheiro a mais com a extorsão. Outras, porém, são seqüestradas mesmo, ou seja, roubadas especificamente para posterior pedido de dinheiro. Normalmente, são modelos esportivos e on/off-road médios ou grandes.

Os roubos de motos especificamente para esse fim são relativamente recentes - ganharam força nos últimos seis meses. "São ações de marginais cuja principal atividade, o tráfico, está sob repressão e, por isso, eles buscam outras formas de fazer dinheiro", diz o delegado titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), Ronaldo Oliveira.

Poucos motociclistas fazem seguro de seus veículos em função do custo, que pode chegar a 50% do valor da moto. O consultor de empresas F. teve, num início de tarde de janeiro, sua Suzuki GS500 "seqüestrada" na Rua Conde de Bonfim, na Tijuca. Ele foi rendido com uma arma na cabeça por dois homens numa outra moto, que levaram seu veículo e o telefone celular.

No mesmo dia, após dar queixa na 19ª DP (Tijuca), ele ligou para o próprio celular e foi surpreendido com um pedido de resgate. Quatro dias depois, recuperou a moto mediante pagamento de R$ 3 mil feito na rua, em local próximo àquele onde foi roubado. "Nesse meio tempo, rodaram 150 km com a moto por aí, aparentemente sem ser incomodados", lamenta. O delegado titular da 19ª DP, Walter Alves, afirma que o caso será investigado.

O advogado R. foi outro que sentiu a tensão de negociar com criminoso. Em maio, teve Honda NX400 Falcon furtada no Centro, na esquina das avenidas Passos e Presidente Vargas. Deu queixa na 1ª DP (Praça Mauá), onde policiais registraram a ocorrência e passaram rádio alertando sobre o furto. Depois, como no caso de F., nenhum outro contato foi feito pelas autoridades. Três dias depois, R. teve a informação de que a moto estava numa favela na Maré. No mesmo dia, recebeu uma ligação para negociações.

O advogado também descobriu que a moto, que tinha segredo antifurto, fora empurrada até "esconderijo" próximo à Central do Brasil, e no mesmo dia, mais tarde, rebocada para a Maré. Acabou pagando R$ 1,5 mil para reaver o veículo semi-depenado na entrada da favela, em situação de alto risco. "Rebocaram a moto por mais de 15 km e nenhum policial viu ou parou para verificar documentos", ressalta. Procurado por O DIA na sexta-feira para comentar o caso, o delegado da 1ª DP não foi encontrado.

Oliveira, da DRFA, está fazendo monitoramentos nos locais com maiores índices de roubos e furtos. Há duas semanas, diligência nos morros da Pedreira e da Lagartixa, Costa Barros, recuperou 32 veículos. "A maioria estava intacta e, provavelmente, era destinada a resgates", ressalta o delegado. Desmanches

Segundo dados da DRFA, 60% dos roubos e furtos de veículos são na zona norte. As motos são mais difíceis de ser recuperadas por serem menores e mais fáceis de esconder. O delegado Oliveira sustenta que todo caso deve ser notificado às autoridades, e rebate as informações de ocorrências notificadas que não foram atendidas ou apuradas. "Se o cidadão não se sentir bem atendido, deve procurar o comandante do batalhão da PM ou a delegacia mais próxima e notificar o mau atendimento", afirma.

As motos mais roubadas em todo o País são as pequenas, que são desmontadas para ter suas peças vendidas. É o caso das Honda CG 125/150 Titan e CBX 250 Twister ou Yamaha YBR 125. Um segundo 'grupo' é composto por modelos médios. Rápidos e ágeis, são muito usados em ações marginais, como assaltos a bancos ou fugas. Entram aí as Honda NX400 Falcon e CB 500, Yamaha XT600 e Suzuki GS500, entre outras.

Já as "vítimas" de seqüestro são as médias ou grandes, quase sempre pesadas ou de difícil pilotagem no trânsito, ou ainda as chamadas superesportivas. O espectro vai das velozes Kawasaki Ninja às clássicas Harley-Davidson.

Motociclistas apontam que parar as motos nas blitzes seria um bom começo para tentar uma solução. "Não nos importaríamos se isso nos trouxesse mais segurança", pondera o presidente da Federação dos Moto Clubes do Estado do Rio, Renato Pereira.





Fonte: O Dia

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