Sem recursos, famílias vivem dentro de estádio na BH
É o caso da família de Pedro José de Santana. Pai de oito filhos, ele se mudou para o estádio há dois meses. "Minha mulher foi demitida da prefeitura. Sem emprego a gente não teve mais como arcar com o aluguel. Vim para cá com os filhos enquanto a mulher está na roça, debaixo de uma lona, para conseguir algum dinheiro", justificou.
Como não trabalham, as famílias passam boa parte do dia pedindo comida de casa em casa na cidade. Não há água ou energia elétrica no estádio. Para tomar banho, é preciso pedir água nas proximidades. "Para conseguir água é um sufoco. A gente arranja com os vizinhos, mas ouve muita reclamação. Um dia a gente consegue, outros não. O jeito é levar assim mesmo", contou Edinelza Batista de Jesus, que mora junto com os três filhos no estádio.
Maria Oliveira dos Santos também está vivendo no local com o marido e os quatro filhos. Sergipana de Simão Dias, ela conta que resolveu se mudar para o município baiano por falta de oportunidades no Estado de origem. Sem dinheiro, ela lista as necessidades: "a gente precisa de cama, colchão, lençol e, principalmente, comida para as crianças".
A situação das famílias pode se tornar mais complicada ainda. No começo de março elas receberam um ofício da prefeitura determinando a saída delas do Gaiolão. "Caso esta solicitação não seja atendida, tomaremos as providências cabíveis", avisou a carta.
O promotor público da cidade, Gildásio Rizério de Amorim, disse que há uma grande dificuldade de atuar no município em defesa dos mais necessitados. Segundo ele, não existe nenhuma lei na cidade - que sequer tem Conselho Tutelar - que puna os administradores que não desenvolvem políticas de inclusão social.
O secretário de Finanças do município, George Roberto Ribeiro Nascimento, confirmou a intenção da prefeitura em retirar as famílias do Gaiolão. "Se elas não saírem a gente vai usar da força policial, porque os desportistas estão reclamando muito", avisou. "Tem três anos que elas estão lá, só que não mantêm o estádio. Até os garis têm nojo quando entram nos vestiários", disse.
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