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Sexta - 09 de Março de 2007 às 14:41

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O impasse entre piscicultores e vendedores quanto à comercialização do pescado limpo, sem as vísceras, durante a Semana Santa, de 2 a 6 de abril, precisará da intermediação da prefeitura para que seja resolvido.

Durante uma reunião realizada na tarde de quinta-feira, ficou mantido apenas o preço do quilo do peixe a R$ 5,00, e os 130 pontos de venda, distribuídos pela cidade em localidades como Osmar Cabral, Tijucal, ao longo da Avenida Beira Rio, região do Porto e Grande CPA.

Segundo o coordenador do projeto "Peixe Santo", Oderly Xaxim, a idéia inicial era conseguir um barateamento no custo dos peixes in natura, para que o preço final não fosse alterado e os comerciantes pudessem cobrir a despesa com a limpeza. Mas para muitos deles o problema é logístico, falta espaço e tempo hábil para a realização do serviço.

Xaxim destaca que uma parte desses vendedores – cerca de 10 ou 12 - são na verdade pequenos empresários que atuam na criação e comercialização de produtos próprios. O total de peixes produzido e revendido por eles ultrapassa 120 toneladas, quantidade expressiva e que justifica a preocupação da categoria e da prefeitura com o assunto.

Dário de Freitas Matos, 53, é piscicultor há 10 anos, produz por ano cerca de 6 toneladas de peixes, quantidade comercializada apenas durante a Semana Santa. Ele explica que a atividade é apenas um dos ramos de atuação, por isso não conta com uma estrutura equipada para a limpeza. "Trabalho apenas com venda familiar, é complicado pensar em agregar os outros serviços assim, de uma hora para outra", pondera.

Ao contrário dele, Mauro Edson Reese, 44, há seis anos no ramo de atividade, avalia a oferta de produtos elaborados uma exigência atual do mercado, composto de casais jovens, estudantes, que não querem perder a tradição, mas pretendem ter o mínimo de trabalho possível. Muitos inclusive não sabem como preparar o peixe. "Quanto melhor a qualidade, maior a venda do produto. Se existir opção, as pessoas já compram assado. Senão, exigem que seja limpo e temperado, pronto para ir ao forno. Ninguém quer mais gastar tempo com limpeza, a não ser os mais antigos, que é um caso especial e não significa a maioria".

Mauro afirma que a limpeza é uma questão inclusive de higiene. Como os peixes são alimentados com ração, o material permanece no estômago do bicho durante os dois ou três dias em que fica no resfriamento. "É uma questão de adequação, acredito que todos deveriam buscar uma maneira de fazer isso".

Tradição - O consumo do pescado aumenta no período da Semana Santa, devido à tradição religiosa da população católica, que se abstém de carne vermelha, o que normalmente gera elevação dos preços. O "Peixe Santo" tem como objetivo principal evitar essa distorção, para que a população de baixa renda não perca o poder de compra. No ano passado, foram comercializadas 400 toneladas de peixe (incluindo Mercado Varejista do Porto), apenas 70 toneladas retirados do rio Cuiabá.

Fiscalização – Uma das preocupações do coordenador do projeto, Oderly Xaxim, é quanto ao trabalho de fiscalização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), que tem um papel de coibir a atuação de piscicultores clandestinos. Cabe à prefeitura apenas estruturar e coordenador aos pontos. "Acontece que muitos vendedores utilizam a documentação de empresários regularizados para comercializar produtos sem inspeção, a maior prejudicada é a população".

O representante da Casa do Peixe, Rafael Zanin, que cria em grande quantidade o pescado em tanques, diz todos os anos acontece uma verdadeira bagunça durante a Semana Santa por falta de punição para aqueles que desrespeitam as regras, vendem peixe sem procedência, de qualidade inferior e praticam preços mais baratos, o que prejudica o trabalho de quem está com toda documentação dentro da legalidade. "Eles compram 20 toneladas nossa, mas usam a nossa despesca – que é a licença da Sema - para comprar 100 toneladas de um produtor irregular".





Fonte: RMT-Online

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