Acordo Brasil-EUA visa a fortalecer democracia na África
Segundo o embaixador Everton Vargas, subsecretário-geral de Assuntos Políticos do Itamaraty, o acordo abrirá um leque jurídico para a cooperação conjunta do Brasil e dos EUA no reforço das instituições democráticas e nos procedimentos eleitorais de países como a Guiné Bissau, vulnerável a sucessivos golpes de Estado e motins desde sua independência, em 1973. Em princípio, o governo americano entraria principalmente com ajuda financeira. O Brasil responderia com a transferência de tecnologia e ajuda técnica para a informatização das eleições e a cooperação na área institucional.
A cooperação atende, em princípio, a dois objetivos do governo brasileiro. Primeiro, ampliará o leque de ações da chamada Cooperação Sul-Sul, a prioridade conferida pela política externa de Lula às relações com o restante do mundo em desenvolvimento, sobretudo a África. Na semana passada, o presidente da Comissão da União Africana, Alpha Konaré, claramente pediu essa colaboração ao governo brasileiro, em visita a Brasília.
Segundo, reforçará a tese em curso no Itamaraty e no Planalto de que não há resquícios antiamericanistas no governo. Para a Casa Branca, essa cooperação dará a oportunidade para disseminar o tom de “generosidade” que Bush pretende imprimir à política exterior, para construir uma agenda mais positiva com a África e reforçar o seu discurso em favor dos valores da democracia.
Venezuela
Ao apresentar a iniciativa, porém, o governo terá especial cuidado para não indicar que a América Latina seria alvo dessa cooperação. O temor do Itamaraty está possibilidade de essa ação conjunta ser apontada como ingerência em questões internas da vizinhança - em especial, pela Venezuela de Hugo Chávez e seus aliados na Bolívia, no Equador e em Cuba. A cautela tende a ser compartilhada pelo governo americano.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo e quatro jornais latinos, na segunda-feira, Bush criticou o modelo estatizante da Venezuela. Mas foi cuidadoso sobre temas como a reeleição e concentração de poder nas mãos de Chávez. Sobre a sucessão em Cuba, Bush indicou que não pretende interferir e frisou que não considera “transição política” a passagem do poder de Fidel Castro para seu irmão Raúl.
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