Leão muda meio time Corinthiano e desafia pressão
Leão vive o seu pior momento no clube, desde sua chegada em agosto de 2006. Aos poucos, o até então intocável treinador vai ganhando desafetos no clube. Primeiro foi a oposição que pediu sua degola. Depois, segundo ele, a imprensa é quem colocou sua cabeça a prêmio. Agora, sua guerra é com a principal torcida corintiana, a Gaviões da Fiel.
"Leão, técnico vive de resultados" e "Aí, Leão, quando vão vir as vitórias, meu irmão?", foram as críticas diretas ao treinador numa manifestação de 12 torcedores ontem, no clube, entre eles Wellington Rocha, o Tonhão, presidente da Gaviões, e seu irmão e vice, Wildner Rocha, o Pulguinha.
Na quarta-feira passada, um dia antes do jogo decisivo frente o Pirambu, representantes da organizada estiveram no Parque São Jorge para dar uma "preleção" para Leão e os jogadores. O técnico garantiu a eles que as vitórias retornariam, principalmente no clássico. Não ganhou do Palmeiras e perdeu a confiança dos torcedores.
"A torcida do Corinthians é formada por milhões. Reclamação de 10 ou 15 não muda nada", desdenhou o treinador, visivelmente transtornado após o coletivo. Normalmente sisudo e às vezes grosso em suas respostas, ontem mostrava destempero acima do normal, com tom de voz mais alto e palavras de baixo calão. "Não tem essa de time do Leão. Somos um todo e tudo deve ser dividido Se ganhamos, foram os jogadores, se perdemos, colocam no meu.. ", disparou, seguido de palavrão impublicável.
Os torcedores chamaram o time de "bando de pipocas" e ameaçaram até com violência física. "Será no amor ou no temor." O técnico quis fazer pouco caso da pressão da torcida, que pediu para ele mais respeito com os garotos da base. "Não é porque jogadores ganham muito que têm de ser escalados. Os meninos vieram do terrão para jogar", cobraram.
A indignação é por ver Élton ser liberado pelo treinador para ser vendido para a Romênia, Marcelo e Eduardo Ratinho perderem a vaga de titular, Rosinei ser desprezado e Wilson preterido por Amoroso, visivelmente sem condições de jogo.
Acuado, Leão retrucou. "O caso Marquinhos serviu de quê? Hostilizar ajuda alguma coisa?", questionou o técnico, lembrando que o zagueiro deixou o clube depois de sofrer ameaça de morte de torcedores, por causa das falhas cometidas no clássico contra o São Paulo - derrota por 3 a 1. "De críticas, estou de saco cheio. Precisamos é de ajuda", cobrou.
AINDA DÁ - Pressão à parte, o técnico segue com o discurso de que ainda é possível levar o time às semifinais do Paulistão. "Priorizo cada jogo. Se conseguirmos seis vitórias no Paulista, conquistamos uma vaga. É difícil, mas não impossível", filosofou ao ser questionado se, daqui para a frente, ele pretendia priorizar a Copa do Brasil.
Para ele, a fórmula é simples. "Com raça e coração. Como dizia o caipira, com muita, demais." Em relação ao time que apanhou do Palmeiras, serão cinco modificações. Betão, que cumpriu suspensão, Marcos Tamandaré, Wellington, Willian e Amoroso começam jogando, nos lugares de Magrão (suspenso), Ratinho, Carlão, Roger (também suspenso) e Nilmar. "Temos de fazer por merecer a vitória. Até agora não fizemos, mas com transpiração vamos conseguir", afirma, aparentemente sem muita convicção.
Marília - O clima de otimismo tomou conta do Marília, após a goleada de 6 a 1 sobre o São Bento, no último domingo, pelo Campeonato Paulista. E hoje, o time quer aproveitar a crise no Corinthians para conseguir mais uma vitória.
Ainda sonhando com vaga na semifinal do Paulistão, o Marília atualmente ocupa o 10º lugar, com 15 pontos. Mas o técnico Lori Sandri quer evitar o clima de euforia. "O favoritismo é todo do Corinthians. É um clube de muita tradição e qualquer descuido pode ser fatal para nós", avisou.
Diante da importância do jogo, contra um rival poderoso e em crise, o Marília decidiu antecipar a concentração dos jogadores - eles estão concentrados desde segunda-feira. "Conversamos bastante durante esse tempo. Os jogadores estão cientes da importância desse jogo para as nossas pretensões", afirmou Lori Sandri.
Para a partida, Lori Sandri terá novamente a ausência do experiente atacante Basílio, ex-Palmeiras e Santos, que segue em recuperação da lesão na parte posterior da coxa direita. O restante do time não tem problemas com cartões ou contusões. Dessa forma, o treinador do Marília irá manter o mesmo time que goleou o São Bento em Sorocaba.
MARÍLIA
Júlio César; Dedimar, Rogério e Leandro Camilo; Rafael Mineiro, Fernando, Max Carrasco, Camilo e Rodolfo Augusto; Wellington Amorim e Wellington Silva. Técnico: Lori Sandri
CORINTHIANS
Jean; Gustavo, Marinho e Betão; Marcos Tamandaré, Daniel, Marcelo Mattos, Willian e Wellington; Arce e Amoroso. Técnico: Emerson Leão
Horário: 20h45
Local: Bento de Abreu, em Marília-SP
Árbitro: Élcio Paschoal Borborema
Assistentes: Marcelo Carvalho Van Gasse e Junivan Rodrigues de Souza
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