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Agronegócios
Quarta - 07 de Março de 2007 às 09:08

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Uma das maiores batalhas na agricultura ainda não tem data para terminar. Há anos o governo paranaense vem tentando impedir os produtores do Estado a plantar a soja transgênica, enquanto as sementes modificadas já foram liberadas em todo o país. Nesta mais recente luta, o Tribunal de Justiça indeferiu, na semana passada, o mandado de segurança n.º 171.867-2, impetrado pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), em fevereiro de 2005, contra o governo do Estado. Com a decisão, o TJ revoga a liminar que permitia aos produtores o uso do glifosato em pós-emergência no controle de ervas daninhas das lavouras de soja transgênica.

De acordo com o assessor da diretoria da Faep, Carlos Augusto Albuquerque, a federação vai recorrer da decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ) pela liberação do agroquímico. Atualmente o glifosato é liberado apenas para pré-emergência. O argumento utilizado pela Faep será de que todos os produtores brasileiros plantam soja transgênica e utilizam o glifosato pós-emergente, com exceção do Paraná.

O pedido de regulamentação do glifosato pós-emergente foi indeferido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que cobrou algumas exigências por parte das empresas que fabricam o produto. O IAP exigiu o perfil toxicológico do produto, a Ampa (substância gerada a partir da degradação do glifosato) e um relatório técnico de resíduos para fauna e flora.

De acordo com o pesquisador da Embrapa, Edílson Paiva, integrante da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), a utilização de organismos geneticamente modificados é segura. Segundo ele, a mudança pode melhorar a qualidade dos alimentos e aumentar a produção nacional. O Senado aprovou na semana passada a medida provisória – que ainda depende da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para virar lei – facilitando a liberação comercial de transgênicos, com redução do quórum necessário para isso na CTNBio.

“Essa tecnologia traz vários benefícios econômicos e ambientais. As pesquisas mostram ganho em relação à diminuição do uso de agrotóxicos e morte por intoxicação”, destacou Paiva em entrevista à Agência Brasil. Segundo ele, o plantio desses vegetais tem um histórico seguro de utilização. “Já existem mais de 100 milhões de hectares de plantas transgênicas cultivadas no mundo. Os Estados Unidos, maiores produtores de soja, têm 90% do seu cultivo transgênico, e o grão já pertence à cadeia alimentar por mais de dez anos”, comenta.

Diferença entre lavoura convencional e transgênica:

De acordo com uma matéria publicada nesta terça-feira (06-03) no jornal Diário de Maringá (PR), em um ano de muita chuva e calor na época de desenvolvimento da lavoura a diferença entre a lavoura de soja transgênica e a de soja convencional foi visível. Enquanto a primeira está sendo colhida no limpo, grande parte das lavouras convencionais está infestada de plantas daninhas, apesar do esforço dos agricultores para controlar a praga.

O tempo chuvoso impediu que a maioria dos produtores fizesse o controle das invasoras no período recomendado, a partir do qual os herbicidas usados na soja convencional perdem muito do seu poder efetivo. Já no caso da soja transgênica, o herbicida permitiu uma margem maior de tempo para controle, eliminando a praga sem grandes dificuldades.

Em uma de suas áreas em Maringá (PR), onde plantou 45 hectares de soja geneticamente modificada, o agricultor Marco Bruschi Neto mostra que a área está limpa. Já na área vizinha, de 18 hectares de soja convencional, a praga tomou conta, e não foi por falta de cuidado. As duas áreas foram dessecadas usando 1,8 litro de glifosato por hectare e plantadas na mesma época.

A soja nasceu no limpo e aos 20 dias após a germinação Bruschi fez a primeira aplicação de 1,8 litro de glifosato por hectare. Na aplicação da segunda dose, que deveria ser feita aos 45 dias, entretanto, houve um pequeno atraso por causa da chuva, mas o controle foi efetivo.

Na lavoura convencional, os problemas começaram já na primeira aplicação, aos 20 dias, onde foi usado 1,2 litro de herbicida para folha larga. A pouca umidade do ar limitou a ação do produto. Mas a situação complicou de vez na segunda aplicação, feita cinco dias após as plantas daninhas atingirem o estágio ideal por causa das chuvas constantes. "Aí ninguém conseguiu controlar mais nada, enquanto que quem usou a transgênica ficou tranqüilo, tendo maior segurança e um custo menor", conta Bruschi.

Para quem está agora com a lavoura infestada, o produtor diz que a capina é praticamente inviável, devido ao alto custo da mão-de-obra. O correto seria uma dessecação, opina, mas isso aumenta o custo em três sacas de soja por hectare.

Se colher a soja com a planta daninha é ainda pior: as perdas podem ficar entre 5% a 7% da produção, sem contar os descontos por impureza e as perdas já ocorridas com o mato-competição. "Mas o pior de tudo é que a sementeira desse mato vai infestar ainda mais a área, dificultando ainda mais o controle na próxima safra", finaliza Bruschi.





Fonte: Agrolink

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