Cratera 'engole' 14 imóveis em bairro de Monte Alto, SP
"Graças a Deus isso aconteceu num horário que não tinha ninguém nas casas e não durante o almoço ou à noite, quando estaríamos dormindo", disse o morador Clarindo Guimarães. Sua casa está a um quarteirão da cratera de cerca de 500 metros que se formou e hoje ele retirou os móveis e pertences, levando tudo para uma chácara. A mesma sorte não teve Linda Maria Meira, dona da terceira casa que desmoronou. Ela perdeu tudo e foi para a casa da filha Sílvia Meira (PTB), que, em 2004, foi candidata a prefeita da cidade. "O problema arrasta-se há anos porque é um dinheiro enterrado", comentou Sílvia, antes de participar de uma reunião de moradores com representantes da prefeitura e do Ministério Público Estadual (MPE). "Não tem que se discutir culpa, mas solução", disse ela.
A voçoroca engoliu um caminhão, uma moto e duas máquinas. A prefeitura começava a trabalhar na área, após conseguir R$ 973 mil do governo federal para obras de drenagem e escada hidráulica. Segundo o engenheiro da prefeitura, André Nascimento, os degraus, de 4 metros de largura por 70 centímetros de comprimento, evitariam a infiltração de água pluvial na área, que fica num vale que foi aterrado, mas não compactado. A verba ainda recuperaria uma das duas casas interditadas previamente. Porém, a chuva agravou a situação - choveu cerca de 750 milímetros desde o início do ano na cidade.
O prefeito Piovezan informou que, agora, terá que esperar o novo levantamento dos prejuízos, inclusive um novo laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), mas que os moradores serão indenizados. "Temos boa vontade e também vamos acionar os loteadores, que são co-responsáveis por isso", avisou o prefeito. Piovezan citou ainda que os seus antecessores no cargo nada fizeram para resolver a situação. O IPT já tinha feito um laudo especificando os riscos de deslizamento da área. Para o prefeito, a culpa deve ser dividida em três partes: poder público, loteadores e até o MPE, que não teria agido desde o início do problema, há anos. Para o promotor Gilberto Porto Camargo, a construção de casas na área foi irregular e o tempo levou à perda de aderência do solo.
O decreto de estado de calamidade pública permitirá ao prefeito pleitear verbas dos governos estadual e federal para as obras na área da voçoroca.
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