A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta terça-feira (2) que decidiu manter suspensa a fabricação, distribuição e venda de lotes dos produtos com soja da marca Ades, em embalagens de 1L e de 1,5L, que podem ser identificados pelas iniciais "AG" no número do lote. A supensão está em vigor desde o dia 18 de março, após contaminação de uma das linhas de produção em Pouso Alegre (MG) por produto de limpeza.
Segundo a Anvisa, a suspensão será mantida uma vez que a fabricante do Ades ainda precisa esclarecer algumas informações para que o relatório de inspeção sanitária na fábrica da Unilever possa ser concluído pela Vigilância Sanitária de Minas Gerais e Pouso Alegre.
"A Anvisa aguarda que a empresa Unilever Brasil Industrial cumpra com todas as exigências expostas pelas autoridades sanitárias de Minas Gerais para que a Agência possa avaliar, novamente, o caso. Enquanto a Agência não tiver informações sobre a segurança dos produtos, por precaução e para proteger a saúde da população brasileira, os mesmos continuarão suspensos", informou a agência em comunicado.
A Anvisa informou ainda que já comunicou os órgãos de vigilância sanitária de todo o país sobre a manutenção da suspensão.
Procurada pelo G1, a Unilever ainda não comentou a manutenção da suspensão. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, foram recolhidas 46 das 96 unidades que foram envasadas com soda cáustica.
Informações pendentes
Segundo a Anvisa, as informações pendentes são referentes a:
- Avaliação dos perigos e pontos críticos de controle do processo e especificações das ocorrências dos riscos eminentes
- Providência de contratação de um supervisor
- Realização de manutenção preventiva da máquina a cada três meses (conforme afirmado pelos técnicos responsáveis pela inspeção sanitária)
- Realização de treinamento recente dos operadores da máquina
- Monitoramento do recall realizado pela empresa
- Alteração dos critérios que determinam o início do processo de investigação pelo SAC
Soda cáustica
A suspensão abrange apenas uma das 11 linhas de produção de Ades da fábrica de Pouso Alegre. A medida da Anvisa atinge os lotes da bebida fabricados pela linha de produção TBA3G, em diferentes sabores, identificados pelas iniciais "AG" no número do lote.
Na ocasião, a Unilever informou que houve uma falha no processo de higienização, que resultou no envase de embalagens com solução de limpeza da máquina.
No dia 22 de março, a Superintendência Estadual de Vigilância Sanitária divulgou laudo que constatou que embalagens de Ades foram envasadas somente com hidróxido de sódio (soda cáustica) a 2,5% e água, e não com suco de soja.
A falha foi detectada no processo de envase do Ades sabor maçã – Lote AGB 25 envasado no equipamento TBA3G no dia 25 de fevereiro de 2013 com validade até 22 de dezembro de 2013.
Segundo a vigilância sanitária, o estoque do tanque que alimentava a linha de envase estava reduzido, o que caracterizaria final de processo e que a linha estaria pronta para o processo automático de limpeza. No entanto, o equipamento foi acionado novamente para o processo de envase. Dessa forma, houve o envase da substância no lugar do suco.
A empresa não percebeu o desvio e o produto, embalagem de 1,5 litros do suco de maçã da Ades, foi distribuído ao mercado.
Segundo a Unilever, o problema limitou-se a "96 unidades de Ades sabor maçã, 1,5 litro" e que, desde o dia 13 de março nenhum produto fabricado na linha TBA3G foi distribuído ao mercado.
Dano causado por Ades é como uma "afta forte"
O vice-presidente da Unilever Brasil, Newmam Debs, afirmou no dia 27, em audiência na Comissão de Defesa do Consumidor na Câmara dos Deputados, que uma série de medidas adotadas pela empresa após o incidente. Segundo o executivo, todos os operadores das linhas de produção foram treinados novamente. Além disso, houve revisão do software da máquina que apresentou defeito e o plano amostral das linhas foi ampliado, aumentando, segundo Debs, a segurança do produto antes de ser liberado para consumo.
De acordo com Newmam Debs, a empresa se empenhou em dar “o máximo de conhecimento possível aos consumidores para evitar que as pessoas consumissem desavisadamente aquele produto que estava impróprio”.
“A Unilever adotou a postura de cuidado dos consumidores, transparência e colaboração de todas as autoridades”, disse o empresário.
Segundo Debs, o ferimento provocado pelas unidades de suco Ades que continham soda cáustica são como uma “afta forte” e que a boca dos consumidores afetados vão se “autocurar”.
"A sensação de ingerir esse produto é como se fosse uma afta forte, uma ardência. A boca se autocura, um processo de regeneração da mucosa. Em nenhum caso houve internação, as pessoas estão bem”, declarou o vice-presidente da empresa.
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